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Daily Routine by Cristina Ferreira

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Daily Routine by Cristina Ferreira

30
Nov17

Os pequenos momentos...


Cristina Ferreira

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Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. Há mudanças que acontecem na nossa vida, que à primeira vista parecem negativas, que acabam por se revelar o melhor que nos poderia acontecer! Abrem-se outras portas, outros horizontes... Criam-se novas rotinas e, surpreendentemente e quando menos se espera, a vida fica simplesmente mais bela... 

 

Pela primeira vez, desde há muitos meses, para não dizer anos, depois dos meus altos e baixos, depois de tudo o que dolorosamente ficou para trás, sinto que finalmente estou exatamente onde deveria estar!

 

Posso afirmar com convicção que neste momento estou na pior situação profissional em que alguma vez estive! No entanto, o valor mais baixo de salário que agora recebo é compensado com menos stress, menos pressão, menos responsabilidade, menos horas extras... e, cereja no topo do bolo: almoço em casa com os meus filhos! Às vezes com um, às vezes com o outro, às vezes com os dois. Um luxo a que eu nunca tinha tido direito!

 

Atentos ao blog, os meus meninos proibiram-me de contar aqui situações demasiado pessoais! Não podendo descrever a situação, posso descrever a sensação: a enorme felicidade que senti por ter tido a sorte de ter estado, hoje ao almoço, na hora certa, no momento certo, para dizer a palavra certa quando o meu menino precisou de a ouvir!

 

Falhei muito momentos ao longo dos anos... Muitas vezes devia ter estado e não estive, muitas vezes estive mas estava demasiado sufocada em preocupações para lhes dar a total e merecida atenção... Esta mudança profissional, que inicialmente parecia a pior coisa que poderia acontecer-me, permite-me ser exatamente aquilo que eles precisam neste momento: uma mamã mais tranquila e atenta, mais presente e observadora, capaz de dar o apoio necessário nesta fase de transição.

 

A vida é cheia de cores, de pequenas coisas, de pequenos presentes... A vida é cheia de pequenos momentos que passam despercebidos se não estivermos atentos...

 

Não sei onde a vida me irá levar, mas hoje senti que estou exatamente onde devia estar: diariamente em casa para almoçar!

29
Nov17

A morte...


Cristina Ferreira

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Amado ou odiado, alvo de admiração ou de inveja, a verdade é que afinal ele era como todos nós... não era imortal... 

Estranhamente foi esta a minha reação ao ler há momentos a notícia sobre a morte de Belmiro de Azevedo... Primeiro pensei: "Como é possível?"... Abri a notícia... "Ah, afinal ele já tinha 79 anos... Já? Eu tinha ideia que ele tinha uns 60... Bom, realmente 60 foi mais ou menos quando o meu filho mais velho nasceu... Pois, já lá vão 14, 15 anos... Quando li aquele artigo no Expresso, que adorei, sobre a vida dele... Talvez na revista... Sim foi na revista..."  E hoje ele morreu. Belmiro de Azevedo morreu. Belmiro de Azevedo também morreu...

 

A morte apanha-nos a todos! Recordo quando era adolescente os funerais na aldeia... Numa pequena aldeia do interior todas as perdas eram sentidas. No entanto, o que mais, ainda hoje, me comove é a forma como foram evoluindo os comentários da geração dos meus pais... Numa geração com 30 anos de idade diziam: "Pois... Coitado já era velho, já tinha 60 anos..." 40 anos depois, essa mesma geração está nos 70 e se alguém morre com 80 anos dizem: "Oh! Coitado ainda era tão novo!"

 

Recordo o meu Avô... Eu tinha 28 anos, ele já tinha 83. "Morreu em paz"... Recordo o medo que eu tive de ver a sua expressão... Hesitei até ao último minuto pois não conseguia arranjar a coragem, antes de o descerem para sempre, para olhar e o ver num caixão... Dizem que devemos ficar com a imagem que temos da pessoa em vida, mas eu não consegui... Quis despedir-me e a verdade é que ver o seu sorriso tranquilizou-me. Ele tinha a aparência descansada de quem morreu em paz, a expressão tranquila de quem já tinha cumprido o seu papel aqui e, terminada a sua passagem entre nós, podia partir em paz.

 

Recordo a minha sogra que nos deixou cedo demais... Recordo o sofrimento do meu marido pois ela só tinha 64 anos. Recordo o quão difícil foi explicar aos meus filhos, na época com 8 e 10 anos, que ela tinha partido e jamais iria voltar... Recordo as lágrimas, a revolta, a raiva...

 

Um amigo, que fez há pouco 50 anos, comentava comigo no outro dia, que umas horas antes, estava ele numa sala rodeado por mais de uma dezena de pessoas, de diferentes faixas etárias, quando de súbito simplesmente parou... Olhou à sua volta e sentiu que um dia todos iriam desaparecer... Não sabia como, quando, onde... Apenas a certeza de que todos iriam morrer... 

 

A morte não é o personagem vestido de preto com a foice e o livro do destino na mão. Às vezes, a morte é o ciclo da vida e é mais fácil de entender, explicar e aceitar. Outras vezes é a maior sensação de injustiça, amaldiçoada e repudiada quando apanha uma criança, um jovem, alguém... A morte é apenas a certeza de que ninguém cá vai ficar. A morte é apenas a morte. 

 

Chegamos, ficamos por uns tempos, cumprimos a nossa parte, fazemos o que conseguimos fazer... Há o Belmiro de Azevedo que não será esquecido, mas também há o Manel, também há a Maria... E todos nós que simplesmente partiremos um dia ...

27
Nov17

Sorri como sorris quando olhas para mim!


Cristina Ferreira

 

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Este fim de semana, eu precisei de umas fotografias e pedi ao meu bebé grande para ser o meu fotografo. Para mim, tirar fotografias foi sempre uma grande complicação! Para além de não ser muito fotogénica, nunca consigo sorrir para a fotografia... É frustrante não saber fazer sorrisos forçados! Apesar de fofinha, fico sempre com um ar triste e deslavado!

 

Não obstante ser conhecedor desta preciosa informação, este meu fotografo queria a todo o custo que eu sorrisse e insistia: "Anda lá! Sorri! Ficas muito mais bonita quando sorris!"... Eu lá ia forçando, ele lá ia disparando e analisando o resultado, mas nada. "Oh não! Ainda não! Anda lá mamã! Sorri!" 

 

Após várias tentativas frustradas e à beira de desistir, o rosto dele ilumina-se com a expressão mágica, de quem, certo e seguro, acaba de encontrar a solução para o nosso enorme problema! Olha-me muito sério e ordena-me:

"Mamã! Já sei! Sorri como sorris quando olhas para mim!!! Sabes aquele sorriso que fazes quando me vais buscar à escola e me vês chegar junto ao carro?" 

Virou costas e muito decidido dirigiu-se para o corredor. E eu fiquei ali parada, momentaneamente boquiaberta e sem reação, a vê-lo simplesmente desaparecer, sem perceber... Segundos depois, voltou e saltando de repente para a minha frente, gritou: "Mamã! Cheguei!"

 

E aí foi impossível eu não sorrir! Sorri do fundo do coração... e parti-me a rir à gargalhada! 

 

Hoje fui buscá-lo à escola para almoçar... E não é que ele tem razão? Fico ali séria e focada à espera dentro carro... Toca a campainha e começa a sair a multidão... E quando o avisto... é pura magia! Posso estar preocupada, pensativa, deprimida, comprimida... mas quando ele aparece, não preciso de olhar para o espelho para saber e sentir que o meu rosto se abre e ilumina num enorme, sincero e delicioso sorriso!

 

24
Nov17

A Senhora dança?


Cristina Ferreira

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A Senhora dança?

 

Descobri-o ontem, um pouco por acaso, quando andava por aqui a devanear... Fascinou-me pela qualidade da escrita, pelas ideias, pela diferença...

Blogue escrito com alma e coração por, como se auto-descreve Mandy Martins-Pereira, uma  "mulher, mãe e avó... que sonha com um mundo melhor".

 

Um blogue para ler, apreciar e refletir... Uma visão mais madura das coisas da vida... no qual vale a pena ir dançar...

 

 

 

 

23
Nov17

O professor Celestino!


Cristina Ferreira

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Em época de reuniões intercalares, é impossível não falar de escola e dos professores.

 

Creio que no ensino, como em todas as áreas, há bons e maus profissionais. Com filhos de 13 e 15 anos já conheci muitos professores e vários diretores de turma. No meu dia a dia, lido com muitas mulheres e ouço desabafos de muitas professoras... Ouço os desabafos de entusiasmo e expectativa em início de carreira, ouço os desabafos de desilusão pela instabilidade e falta de reconhecimento de quem já por lá anda há alguns anos, ouço os desabafos sobre desgaste e desmotivação de quem já está em fim de carreira...

 

No ensino é como em qualquer outra área, ser professor é como em qualquer outra profissão... A diferença é que eles são a importante base da educação daí, por parte de nós pais, tanta exigência e valorização! Há professores que os alunos adoram, há professores que são detestados! Há os que são ignorados e os que se toleram porque têm de se tolerar. Há os que eles nunca vão esquecer e os que eles vão sempre lembrar... E há o professor Celestino!

 

Há pessoas que nos encantam e contagiam com a sua energia, gosto e empenho no trabalho e o professor Celestino é uma delas! Dinamico, motivado, fala com gosto e entusiasmo daquilo que faz! Longe das confusões das greves, das reivindicações, das polémicas sindicais e outras mais, o professor Celestino faz-nos acreditar que a escola ainda é um mundo mágico para onde os meninos correm felizes e motivados para aprender e onde são ensinados por professores dedicados e empenhados! Os meninos adoram-no e os pais também!

 

E após cada reunião, eu não posso evitar chegar a casa a suspirar:" Oh se todos os professores fossem como o professor Celestino!"

 

 

 

 

22
Nov17

A "minha" pessoa especial...


Cristina Ferreira

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"Hoje quero que pensem numa pessoal especial... Naquela pessoa especial que sempre vos apoiou incondicionalmente... Aquela pessoa especial que vos incentiva a sonhar e vos faz acreditar que os vossos sonhos são possíveis de concretizar! Aquela pessoa especial que vos contagia com a sua energia positiva e vos faz acreditar que, juntos, são capazes de mudar o mundo!"

 

Foi mais ou menos assim o desafio de hoje para reflexão e meditação no momento final da aula de Body Balance... Pensei, pensei e pensei... Pensei em várias pessoas, mas nenhuma se conseguia fixar mais do que breves segundos no meu pensamento...

 

De repente, a pessoa certa! A única que de facto sempre esteve lá quando eu sonhei, quando eu subi, quando eu caí... Quando acreditei, quando falhei! A única que acreditou nos meus sonhos loucos de adolescente, nos meus sonhos loucos de jovem mãe, nos meus sonhos loucos de jovem empresária! A pessoa mais dinâmica, sonhadora e louca que algum dia conheci!

 

Lembrei-me de como ela era há vários anos atrás! Sempre a ver o copo meio cheio, a saltar e rodopiar a cada pequena vitória! A passar-se completamente dos carretos quando estava feliz! Aquilo não era energia contagiante, era loucura total!!! Mas a verdade é que ela estava lá, estava sempre lá! E era ela, com toda a sua loucura, que me fazia avançar, que me fazia acreditar que tudo, e quando digo tudo, era mesmo tudo, tudo era possível!

 

Ultimamente deixei de sonhar... Sinto que me conformei que os melhores anos da minha vida estão vividos e não há muito mais para esperar... Os poucos sonhos que às vezes ainda teimam em espreitar, são esmagados assim que os pronuncio em voz alta... Já nem eu neles consigo acreditar...

 

E é verdade que a única pessoa que não procurei para me apoiar foi ela... A louca sonhadora que dava aquele impulso mágico aos meus sonhos! 

Revi-a aos 16 anos quando bailava no quarto apaixonada por alguma história empolgante de um livro que andava a devorar!

Revi-a aos 21 anos quando tinha a vida toda pela frente e acreditava que ia ajudar a mudar o mundo!

Revi-a quando engravidou pela primeira vez e sorria porque tudo era fácil! Ela transbordava de uma daquelas energias contagiantes... do primeiro ao ultimo dia... mais parecia ficção! 

Revi-a quando engravidou pela segunda vez a saltitar de barrigona e bebé ao colo!

Mãe de dois? Ela não parava! Descia e subia as escadas saltitante com os bebés encaixados nas ancas, um de cada lado! 

Revi-a quando montou um negócio aos 32 anos e era uma dinamica sonhadora! A vida toda pela frente! Aí de quem se metesse à frente!

 

Mas aos poucos essa energia louca foi esmorecendo... Quando chegou aos 40, o mundo dela simplesmente começou a ruir... E foi duro de reconstruir... E aos poucos perdeu a capacidade de sonhar... 

 

Quando paramos de sonhar, não há mais nada... Ou quase nada... Fica um vazio... Um enorme vazio que vai aumentando...  Sentimo-nos perdidos e sem rumo...

 

E hoje, no final daquela aula de Body Balance e à procura da única pessoa capaz de me fazer acreditar que eu podia continuar a sonhar e acreditar que a vida ainda tem muitas coisas boas para me dar... Fiquei a observar reflexos dos meus espelhos... O do espelho do meu quarto na casa dos meus pais que refletia uns olhos a brilhar! O do espelho na moradia de Viana pendurado ao lado das escadas que costumava descer com os meus dois bebés ao colo... O do pequeno espelho no meu antigo escritório onde sorria um rosto belo e radiante... Mas hoje, já nenhum desses espelhos existe...

 

Hoje, pela primeira vez, tive a certeza de que só eu posso voltar sonhar os meus sonhos, sonhá-los baixinho, e, com loucura, talvez, devagarinho, voltar a recomeçar... 

21
Nov17

... e hoje eu senti falta da Maria ...


Cristina Ferreira

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as pessoas que são importantes na nossa vida e que nós sabemos que são importantes. Há os filhos e os pais, a família e os amigos. Esses interagem constantemente connosco e sabemos a falta que nos fazem quando não estão por cá.

 

E há as "pessoas invisíveis". As pessoas que enriquecem o nosso dia a dia, mas que olhamos sem ver. As pessoas que se cruzam connosco e que sem nos apercebermos nos tocam a alma...

 

São as "pessoas conhecidas". Não notamos que fazem parte da nossa vida e que recebemos um pouco da delas. Não paramos para pensar quem são realmente ou que vida terão lá fora. Limitamo-nos a absorver, sem agradecer, a energia contagiante com que nos brindam!

 

A Maria é uma dessas pessoas na minha vida. Passa por cá todas as terças-feiras e irradia boa disposição! Fica um "pedaço", faz o seu trabalho, conta umas "cenas", solta umas gargalhas, espalha sorrisos e vai embora! E a minha terça-feira fica mais feliz...

 

É absurdo, mas eu nunca tinha verdadeiramente "visto" a Maria! Chamem-me egoísta, distraída, oportunista... Mas eu hoje "vi" a Maria porque a Maria estava triste... Hoje não me presenteou com a sua energia contagiante, com o seu sorriso sincero e com a sua gargalhada sonora... e hoje eu senti falta da Maria.

 

Entre o grupo de colegas, não me atrevi a perguntar-lhe o que se passava... Mas fiquei a perguntar-me...

quem é afinal a Maria?...

20
Nov17

Quero a redoma do Principezinho!


Cristina Ferreira

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Ofereci o livro «O Principezinho» de Antoine de Saint-Exupéry ao meu menino grande quando ele tinha 6 anos. Durante muito tempo foi um dos seus livros preferidos. Foi o livro que ele orgulhosamente escolheu para a mamã ir ler à escola na semana da leitura do seu 2º ano!

 

Jiboa aberta, jiboa fechada...  caixinhas para a ovelha... o planeta e a rosa... e todas as coisas mágicas que os adultos já não viam... No entanto, houve uma coisa que eu, uma mamã adulta, vi e invejei desde a primeira vez que lho li: a Redoma do Principezinho!

 

Um bebé nasce pequenino e frágil e uma mamã quer protegê-lo. Protegê-lo a todo o custo! Protegê-lo de tudo e todos! Secar-lhe todas as lágrimas, afuguentar-lhe todos os medos... E uma mamã consegue... É tão fácil proteger um bebé!

 

O problema é que um bebé cresce... E os meus bebés cresceram... E foram-se soltando de mim, foram-se afastando do meu colo, deslizando sorrateiramente para lá do alcance da minha proteção... Os meus meninos cresceram, começaram a ter uma vida lá fora sem mim e a sofrer as suas penas... E por mais que eu queira não lhas posso roubar e carregar em mim...

 

Quando tudo o resto falha, quando tudo fica longe do meu aconchego e proteção, vem a imagem da Redoma do Principezinho:

 "Quem me dera ter a Redoma do Principezinho para vos colocar lá dentro!"

 

A primeira vez que o meu bebé grande (sim tenho um menino grande e um bebé grande) ouviu essa minha louca expressão, lembro-me que exclamou: "Mamã assim não podiamos respirar e morriamos!"

 

Verdade... Eu não posso simplesmente pegar nos meus meninos e colocá-los numa redoma... Mas e se fosse a redoma mágica do Principezinho...?

 

 

 

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