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Daily Routine by Cristina Ferreira

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Daily Routine by Cristina Ferreira

31
Jan18

Envelhecer... Começa no olhar...


Cristina Ferreira

 

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É verdade que os anos vão passando.... É verdade que está escrito por aí que eu nasci em 1973, é verdade que eu hoje tenho 44 anos, é verdade que eu farei 45 anos em outubro. É verdade que certamente já vivi metade da minha vida... Mas é verdade também que nunca até hoje pensei que me pudesse acontecer a mim... É oficial: estou a envelhecer!

 

Olho para o espelho e não vejo cabelos brancos. É verdade que estão disfarçados pelas camadas e camadas de tinta loira que já uso há tantos e tantos anos que já nem recordo qual a cor natural dissimulada lá por baixo! Sim talvez eles espreitem e teimem em aparecer, mas enquanto os puder disfarçar, disfarçarei! Não pertenço aquele grupo de mulheres apologistas da cor natural cujos cabelos brancos sonham um dia exibir com orgulho... 

 

Olho para o espelho e à volta dos olhos e dos lábios já vejo umas linhas fininhas... Diariamente, de manhã e à noite, já há muitos anos e sem abrir exceção, sigo uma rígida rotina de cuidados faciais: desmaquilhar, anti-rugas e contorno de olhos. A rotina diária complemento-a com esporádicas esfoliações e máscaras... Sim uso e abuso do que estiver ao meu alcance para adiar o aparecimento de novas linhas! E sorrio... Sorrio muito pois dizem que se sorrirmos muito as rugas aparecem nos pontos certos e ao invés de enfear o rosto, continuarão a embelezá-lo!

 

Acreditava naquela expressão que quando começamos a envelhecer começamos a usar: "A idade não importa! O que importa é a mente! A mente não envelhece..." Nunca senti as minhas forças falharem... Cansada fisicamente só mesmo quando exagero no ginásio! Sou saudável, felizmente sempre fui... Nunca estou doente! Na brincadeira até costumo dizer que o Universo sabe que eu não posso ficar doente... Longe da família e com o ex-marido no estrangeiro quem tomaria conta dos meus meninos? 

 

Hoje percebo o quanto era absurdo e até presunçoso da minha parte, mas sempre pensei que enquanto eu recusasse envelhecer não envelheceria! Esta minha mania de ver o copo sempre meio cheio e de querer olhar sempre para o lado bom da vida!

 

Um dia, estranhamente as letras começaram a bailar nas folhas dos meus livros e para as parar e obrigar a ficar sossegadas eu comecei a ligeiramente afastar-me para trás! Inicialmente não percebi... Mas as dores de cabeça que lentamente chegaram depois não deixaram margem para dúvidas!

 

Segundo o médico ligeiramente idoso que me atendeu com um sorridente "Bem vinda ao grupo!" e que me presenteou com um belo discurso sobre a idade e a progressão da diminuição da visão, até aqui tive muita sorte! "Normalmente", explicou ele, "a visão começa a fraquejar aos 40 anos... Parabéns! Já está 4 anos atrasada!" Bem ganhei 4 anos, mas confesso que mesmo assim apanhou-me desprevenida... Eu velha e com óculos por causa da idade? 

 

Fui busca-los hoje e mostrei-os aos meus meninos. O meu bebé grande olhou-me com alguma tristeza mas acariciou-me suavemente a nuca com um: "Até te ficam bem mamã... Ficas só com um ar um bocadinho mais velha!" Já o meu menino grande olhou seriamente para mim e com revolta protestou: "Não te quero ver com óculos! Não quero que sejas velha!"

 

"Calma! É só para ler!" consegui eu consolar... Estranho como consigo sempre buscar forças para os consolar mesmo quando por dentro eu estou cheia de medo... Será este apenas um simples pontinho no meu ainda longínquo e distante inicio de processo de envelhecimento... Viverei ainda saudável por muitos e muitos anos? Ou será o inicio da minha decadência física? Que virá a seguir? Dores musculares? Surdez? Memória? Dentadura?

 

Bom parece que chegou o momento de aceitar com carinho a sorte de ter apenas um pequeno problema de visão que se resolve com uns óculos de pôr e tirar... e de me dedicar a elaborar uma lista das coisas positivas do envelhecimento para o copo, que momentaneamente meio vazio ficou, meio cheio voltar a ficar!

30
Jan18

Determinismo ou livre arbítrio?


Cristina Ferreira

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Aluno do 10º ano, o meu menino grande está fascinado com algumas teorias de filosofia. Ontem, ao rever a matéria, quis partilhar comigo alguns dos pontos mais interessantes sobre as teorias de Livre-arbítrio e Determinismo.

 

Chamou-me ao quarto e eu sentei-me na beira da cama. Leu para mim com a sua voz grave e o seu ar seguro de menino que sabe que já não é menino mas de homenzinho que sabe que ainda não é um homem grande... Quando ele era pequenino, era eu que diariamente lia para ele histórias de adormecer e respondia às suas perguntas, ele já deitado e eu sentada na beira da cama... Ontem invertemos os papeis: eu continuava sentada na beira da cama, mas foi ele quem leu para mim e pacientemente respondeu às minhas dúvidas.

 

Confesso que não consegui perceber tudo o que ele tentou, repetidamente, explicar-me pois distraía-me constantemente a observá-lo... "Está grande, está lindo, está bonito o meu menino!" Eu perdida nos meus devaneios, ele continuava: "determinismo... tudo está pré-determinado... ilusão de liberdade de escolha... " "livre-arbítrio... somos nós que escolhemos, que tomamos as nossas decisões..."

 

Lembrei-me do camião que mudou a minha vida... Sim, a maior viragem da minha vida foi fruto do acaso e sim por causa de, atribuí eu, um camião! Há muitos anos atrás, no início da minha carreira profissional, eu regressava de uns dias de férias passados em Coimbra com uma amiga de infância. Viajava pelo IP3, uma estrada de montanha  repleta de zonas onde era impossível ultrapassar! À minha frente, lenta, muito lentamente arrastava-se um camião...

 

Tinha combinado, antes de regressar a casa, passar também por Viseu. Mas, como estava demasiado cansada, entretanto cancelara. De repente ali, desesperada e sem poder ultrapassar com segurança o pesado camião, ao aproximar-me do cruzamento que, ou me levaria direta para casa ou me levaria para Viseu, impulsivamente pensei: "Basta! Se o camião virar para a Guarda, eu sigo para Viseu!" O camião virou para a Guarda e eu segui para Viseu!

 

Foi nesse dia e em Viseu que eu soube da oferta para a empresa na qual a seguir fui trabalhar. Um ano mais tarde foi aí que conheci aquele que viria a ser o meu marido e o pai dos meus filhos! Foi amor à primeira vista, foi uma daquelas paixões intensas e que ofuscam todos os sentidos! Jovens, casámos completamente apaixonados. Tivemos dois filhos... Mas de origens demasiado diferentes, não soubemos juntos construir... Ao fim de 10 anos, desistimos... 

 

Quantas escolhas o acaso faz por nós sem nos apercebermos? Destino? Determinismo? Quantas mais teorias existem para o explicar? Não sei e sou "pequena" demais para o saber... Mas sei que se nesse dia eu não tivesse ido para Viseu, não teria tido conhecimento daquela vaga, não teria trabalhado naquela empresa, não teria conhecido o meu futuro marido e, acima de tudo, não teria hoje os meus filhos!

 

Teria outros filhos? Não conheceria estes e destes não teria saudades? Verdade... Nunca poderemos saber como teria sido a nossa vida se tivéssemos escolhido outros caminhos...

 

No meu caso, e apesar de muita coisa não ter corrido como eu planeei, ainda bem que eu decidi ir por ali... Mas, e quem sabe, talvez já estivesse apenas e afinal tudo simplesmente determinado...

 

 

29
Jan18

Pensamentos soltos... ou balanço do fim de semana...


Cristina Ferreira

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Planeara fazer limpezas este fim de semana: daquelas limpezas sérias e profundas com direito a lista! O topo da lista estava encabeçado pelo primordial e inadiável objetivo de me desembaraçar dos vestígios de humidade que lentamente teimam em brotar pelos tetos da casa de banho e da varanda! Há quanto tempo andava eu a adiar? Talvez um mês, talvez mais... Mas como era pouquinho, deixava estar... 

 

Sábado à tarde arregacei decididamente as mangas e comecei por atacar furiosamente a varanda! Só parei quando acabei! Orgulhosa, mas de rastos, aterrei no sofá! O plano era parar apenas por uns breves minutos para descansar e continuar logo em seguida, conforme planeado... Mas o sofá levou ao Zapping...  O Zapping levou ao TV Cine Séries e: "Olha a repetição do Game of Thrones!"

 

Nunca vira os episódios iniciais: começara pela 7ª temporada antecedendo-a de um resumo no Youtube para me situar! "Vou só espreitar, não há risco de me interessar!" pensei eu inocentemente pois ficara desiludida com a não ação da 7ª temporada... E cliquei "VER". Temporada 1 - Episódio 1.

 

O tempo voou! "Afinal a série até é boa!" pensei eu no final do episódio.  "Ainda é cedo, vou ver o segundo..." e uma hora mais tarde: "Já agora o terceiro!" Resultado? O teto da casa de banho ficou por limpar e acabei por devorar a totalidade da primeira temporada: os 5 primeiros episódios no sábado e os 5 últimos no domingo! Os segundos acrescidos do 1º da segunda temporada! 

 

Hoje de manhã, veio o vazio...

 

Cansaço? Afinal acabei por dormir tarde duas noites seguidas para ficar em frente à televisão! Sensação de dever não cumprido? Afinal o objetivo para o fim de semana era limpar os tetos e estudar português e, se ainda limpei uma parte do planeado, no português nem sequer toquei! Sensação de tempo perdido? Ou simplesmente o pico de descida após a euforia e o entusiasmo? 

 

Houve uma época em que eu finalmente percebi que quanto mais alto o meu humor subia, mais baixo a seguir descia... Como um gráfico constantemente oscilante, como um pêndulo que eternamente balança: quanto mais alto sobe mais baixo desce! Por mais feliz que em algum momento eu me sentisse, inevitavelmente e sem razão aparente, a seguir vinha o vazio...

 

Tempestade após a bonança? Impermanência? Como se explica o vazio que às vezes espreita? Será que todos o sentem? Como é possível sentir o vazio após um fim de semana tão tranquilo?

 

Na minha juventude, durante anos e anos a fio, eu pensava que eu era uma pessoa melancólica ou simplesmente demasiado sensível. Justificava-o com o facto de ser filha de emigrantes: a consciência do ir e voltar, do despedir e da saudade constante, haviam-me marcado e moldado para sempre... A noção sempre presente de que, crescendo eu numa aldeia do interior, um dia seria a minha vez também de partir... 

 

Será por isso que eu penso demais, que eu observo demais? Hoje percebo que talvez tenha sido sempre o medo do vazio... O medo da tristeza de eu partir e de eu os deixar, o medo de eles partirem e me deixarem... Eles? Os pais, os filhos, a família, os amigos... Os que fazem parte da minha vida e vão ficando ou ficarão para trás...

 

O pai dos meus filhos também está no estrangeiro. Os meus filhos também vão e voltam enquanto eu fico cá ou o pai fica lá... O pai também vem e vai enquanto eles ficam cá... E se um dia os meus filhos também forem contagiados por esta cruel melancolia?...

 

São só as voltas que a vida dá... São só pensamentos soltos que por mim vagueiam... Confusos? Sem nexo? Apenas difíceis de entender? Talvez... Sei lá... 

27
Jan18

Sou uma mãe babada!!!


Cristina Ferreira

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Verdade: sou uma mãe babada! Sempre fui... Costumam dizer-me que tenho muita sorte com os meus filhos e é verdade: tenho!

 

Educar não é tarefa fácil e, como talvez a maioria das mães, também eu sinto que cometi muitos erros. No entanto, quando tenho diálogos como o que há pouco tive com o meu menino grande, ele vira costas e eu sorrio orgulhosamente pensando sem qualquer ponta de humildade: "Esta forma de pensar, de planear, de decidir... Fui EU que lhe ensinei!"

 

Não sou uma mãe galinha! Costumo dizer que não estou sempre em cima deles, mas estou um metro atrás sempre atenta e prontinha para os apanhar se houver algum risco de caírem!" Estou atrás, estou ao lado... Acompanho, observo, vigio, analiso... Tudo sempre sem impedir que eles aprendam sozinhos o que devem aprender sozinhos, sem impedir que se testem, sem impedir que cresçam...

 

Quando eram pequeninos, contrariamente aos conselhos que pessoas ao meu redor me davam, nunca os deixei chorar sozinhos! Adormeci-os muitas e muitas vezes ao colo! Agoiravam que eu estava a criar filhos mimados e caprichosos! Mentira! Objetivamente: mentira! Eu criei filhos que sabem que aconteça o que acontecer podem sempre contar comigo...

 

Quando eram pequeninos e colocavam mil e uma questões, sobre tudo e sobre nada, a todas eu respondia... Nunca deixei uma única questão por responder! Nunca respondi com um "Sim, sim!" ou um "Não, não!" sem ouvir com atenção... Sempre que tinham uma dúvida, uma questão, eu tentava responder e repetia até eles perceberem e não restar qualquer hesitação... E eles aprenderam a confiar em mim!

 

Por vezes, no final de um dia de trabalho, era difícil... Mas eu tentava explicar: "Desculpa... Podes esperar só um bocadinho que a mamã está cansada..." Aprenderam que mamã não era incansável e que a mamã às vezes precisava de silêncio... Aprenderam que depois de descansar voltava e lhes dava toda a atenção... Eles aprenderam a respeitar!

 

Nunca dei ordens sem explicar porquê. Nunca usei o "Porque sim!" ou o "Porque eu é que mando!" Explicava porque é que era o mais correto, o mais saudável, o melhor para eles... Se me desafiaram? Claro que sim! Se eu poderia ter sido mais rigorosa? Talvez... Se teria sido melhor para eles? Não sei...

 

Ensinei-lhes o porquê de existirem regras e rotinas pois só assim as podem cumprir de livre vontade. Ensinei-os a pensarem por eles, a ter opinião própria e espírito crítico, a saber observar, avaliar e decidir... Nas tomadas decisão, claro que a última palavra é minha, mas desde sempre debati os mais variados temas com eles...

 

Às vezes é difícil perceber onde está a fronteira, perceber onde está o limite entre o correcto, o excesso e o errado. Sim é difícil educar e impossível não falhar... 

 

Não! Os meus filhos não são dois anjinhos perfeitos! Pelo contrário: com dois anos de diferença de idade entre eles, sempre foram dois reguilas! Mas são os meus reguilas! E eu sou uma mãe babada! Não sei o que o futuro me reserva, mas neste momento sinto que os estou a colocar no bom caminho...

24
Jan18

TAG - 25 Perguntas Aleatórias!


Cristina Ferreira

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Ora então respondendo ao desafio encaminhado pela Rute d' O meu maior sonho, cá estão finalmente as minhas respostas...

 

 1. Sais de casa sem...?

Sem os meus filhos que infelizmente já não me ligam nenhuma! Nem me lembro quando foi o último passeio "a sério" em família... E não estou a brincar!

 

2. Qual é a tua marca de maquilhagem preferida?

Já não uso maquilhagem com o "rigor" que usava há uns anos atrás... Ainda tenho algumas sombras da Kiko, a base é da Lancôme, mas o meu companheiro inseparável insubstituível, e que já me realça o olhar há alguns anos, é o Mega Volume Collagene 24 da L'Oreal. 

 

3. Qual é a tua flor preferida?

A tulipa... Fascina-me o seu misto de fragilidade e elegância...

 

4. Qual é a tua loja de roupa favorita?

Favorita ou onde costumo comprar? Adoro a Salsa... Mas compro na H&M

  

5. Saltos altos ou baixos?

Confesso que já opto cada vez mais pelo conforto! Saltos altos cada vez mais só em ocasiões especiais... 

 

6. Qual é a tua cor favorita?

Branco... Eternamente o branco...

 

7. Qual é a tua bebida preferida?

Água! Ando sempre com a garrafinha atrás...

 

8. Qual é o teu hidratante favorito?

Facial? Ultimamente oscilo entre os Nivea e os L'Oreal (o que estiver em promoção quando precisar de comprar!) Corporal? O Creme Barral. E tenho sempre comigo uma latinha de Nivea azul: mágica para os lábios secos ou gretados!

 

9. Pretendes casar? 

Novamente? Não! O meu casamento durou 10 anos e temos 2 filhos fantásticos... Está feito!

 

10. Irritas-te facilmente? 

Não! Aliás, há uns anos atrás, o meu menino grande até me maravilhou com um: "Mamã! Se existisse um record do Guinness para a mãe mais paciente do mundo, esse record era com toda a certeza para ti!"

 

11. Róis as unhas? 

Ups... Agora já não, mas roí até aos 33 anos! O segredo para deixar? Vergonha profissional: supervisora de um Centro de Estética era uma vergonha ter as unhas roídas! Noblesse a quanto obrigas, mas pelo menos curou o vício!

 

12. Já desmaiaste? 

Não, nunca...

 

13. Onde estavas há 3 horas atrás?

Na sala agarrada ao livro de preparação do Exame de Português!

 

14. Estás apaixonada? 

Sim! Sou apaixonada pelos meus filhos! Sou apaixonada pelos meus sonhos e projetos por vezes mirabolantes... E claro pelo meu M. !

 

15. Qual foi a última vez que foste ao shopping?

Hoje ao almoço, mas só de passagem... Não comprei nada! Sim, sou talvez das poucas mulheres que conseguem atravessar lojas e lojas sem comprar nada! Mesmo... (Espreita aqui: Esta sou mesmo eu!)

 

16. Assististe algum filme nos últimos 5 dias?

"Passengers" no ultimo fim de semana. O dilema, a seguir, cá em casa foi: "E se fosse contigo? Acordavas alguém? Suicidavas-te? Ou deambulavas pela nave acordado sozinho até morreres de forma natural?"

 

17. Como estás vestida agora?

Calças de ganga, como sempre... 

 

18. Qual foi o último alimento que comeste?

Ao lanche: torrada com leite!

 

19. Qual é o teu animal favorito?

Nunca consegui decidir entre o cão e o gato... Cresci na aldeia na companhia dos dois! Em casa dos meus pais chegámos a ter, em simultaneo, 4 cães e 7 gatos!

 

20. Como seriam as tuas férias de sonho?

Há sonhos que já prefiro não ter... Continuar a ter férias já é um sonho!

 

21. Quais são os planos para hoje à noite?

Se conseguir, mais umas páginas de Português... Se não, só umas páginas de "Harmonia perfeita" de Barbara Wood, livro que estou quase a acabar... Para a devoradora de livros que sou, alguma leitura antes de dormir é o único plano noturno obrigatório!

 

22. O que estás a ouvir agora? 

O silêncio da sala, o som dos meus dedos no teclado... E os rumores distorcidos que chegam dos vídeos do Youtube que os miúdos estão a ver no quarto!

 

23. Colecionas alguma coisa? 

Se chamarmos coleção à louça rachada que não consigo jogar fora: sim! Tenho uma pequena coleção de canecas e pratos lascados que já uso com os miudos há anos, mas como cada lasca conta uma história, não consigo jogar fora...

 

24. Comes fastfood?

Muito raramente... Só em dia de "festa"... A nível de alimentação, não sigo nenhuma dieta louca, mas sou muito equilibrada...

 

25. ??? Afinal só são 24 perguntas mas chama-se 25...  Bom, sendo assim, vou então nomear as minhas sucessoras (que espero não estar a repetir):

 

Kamini d' Achintya

Miss X de Louca Sereia

Paula Rocha de Mãe do coração sou eu

Gabriela Lima de Não importa se estive ou não

L de Simplesmente simples

 

 

 

22
Jan18

"Não quero perder o meu cabelo, querida..."


Cristina Ferreira

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"Amanhã não venho, tenho uma consulta..." Fiquei a olhar para ela... Ainda estávamos na sala onde tínhamos acabado de fazer a aula de Ginástica Localizada. "Não deve ser nada grave..." pensei. "Rotina? Coisas de mulher? Talvez seja melhor eu não perguntar..."

 

Ela continuou a olhar para mim com ar de quem precisava de desabafar... Eu hesitei mas perguntei: "Mas está tudo bem D. Barbara?Suspirou, sorriu e arrastadamente respondeu-me: "Não querida...Eu, que ainda estava alongar, levantei-me e perguntei-lhe surpreendida: "Então, que se passa D. Barbara? Alguma coisa grave?

"Eu tenho cancro, querida..."

 

Senti-me paralisar... Sem saber o que dizer, fiquei ali parada a olhar para ela enquanto me contava que o tinham descoberto por acaso numa consulta de rotina... Não tem dores, não sente nada... Mas tem cancro e ainda não consegue acreditar... 

 

Alta e loira, de olhos verdes grandes e expressivos, a D. Bárbara é uma daquelas senhoras da "alta sociedade". Uma Barbie linda e elegante, de olhar meigo e sorriso delicado, possuidora de uma energia contagiante...

 

"Não vou fazer os tratamentos querida... Fui enfermeira e vi de tudo no hospital... Nesta idade prefiro morrer!"

 

Conheço a D. Bárbara há quase 3 anos, mas nunca trocáramos mais do que meia dúzia de palavras no início ou no final das aulas. Não sei porque hoje me escolheu a mim para desabafar... 

 

Quando cruzava com ela, eu não conseguia evitar sorrir e pensar: "Espero envelhecer assim..." Imaginava-a quando jovem, linda como uma Brigitte Bardot... Acompanhei-a pelo corredor e, antes de virar, lançou-me um "Não quero perder o meu cabelo, querida...

20
Jan18

E quando valores mais altos se alevantam...


Cristina Ferreira

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Na vida fazemos escolhas, tomamos decisões, decidimos entre opções... Às vezes certas, às vezes erradas... Às vezes impulsivas, às vezes devidamente ponderadas... Às vezes seguimos o nosso coração, às vezes decidimos com alguma objetividade... Às vezes escolhemos o que é deveras melhor para nós, às vezes optamos simplesmente pelo que é mais fácil de alcançar... Às vezes lutamos com todas as nossas forças, às vezes deslizamos apenas, e sem esforço, na corrente... Quando um dia somos forçados a parar e a observar, corremos o risco de, a custo, nos apercebermos que nos limitámos a descer o rio a flutuar...

 

Aos 40 anos fiquei pela primeira vez desempregada: sem planos, sem ideias, sem saídas... Senti-me a bater no fundo, completamente perdida e à deriva! Limitando-me a flutuar, o rio tinha-me arrastado para águas nas quais nunca dantes imaginara um dia vir a navegar... Olhando para trás, na tentativa vã de apurar o percurso que me levara até ali, questionei as minhas escolhas passadas...

 

Nasci em França e aos 12 anos regressei à aldeia natal dos meus pais. Cresci no interior e quando chegou o momento de entrar na Universidade, candidatei-me ao Instituto Politécnico da Guarda para o mais perto possível deles ficar. Fiz um Bacharelato em Comunicação Social e Relações Públicas e, quando terminei, fui fazer estágio numa empresa na qual comecei em seguida a trabalhar.

 

Fizera as cadeiras todas do curso, mas como comecei a trabalhar, nunca completei nem entreguei o relatório de estágio. Sempre empregada, por conta de outrem e 8 anos por conta própria, ignorei totalmente o peso da formação... Ao ficar desempregada fui forçada a analisar pela primeira vez o peso das minhas escolhas passadas...

 

Foi nessa altura também que fui confrontada com uma das frases mais inesquecíveis que algum dia o meu menino grande me disse. No meio de um aceso debate após um daqueles típicos sermões de mãe para filho sobre "Tens de estudar e ser um bom aluno...", olhou-me seriamente, olhos nos olhos, e perguntou-me: "Mamã, tu era boa aluna, não eras?" Não percebendo a pergunta, eu respondi-lhe o que ele já sabia: "Sim..." Inocentemente e de olhos arregalados, ele então exclamou: "E olha onde acabaste!!" E eu olhei: tinha-me tornado numa uma mãe desempregada, deprimida e desesperada... A empresa falira e pela primeira vez eu não fazia a mínima ideia do que ia fazer a seguir...

 

Desde então, oscilo entre empregos e estou longe de alcançar a estabilidade que aos 20 anos imaginava que iria ter ao chegar aos 50. Fruto da nossa sociedade? Muitos na minha faixa etária se encontram na minha situação? Talvez... Seja como for ao analisar o meu perfil profissional percebi que apesar de me considerar uma pessoa dinâmica, organizada e com experiência, fluente em francês e inglês e com conhecimentos de espanhol, para todos efeitos eu só tenho o 12º ano! 

 

Tenho consciência de que mesmo que consiga novamente entrar para a Universidade e completar nova licenciatura, nos dias que correm, isso pouco ou nada se refletirá no valor do meu ordenado... No entanto sinto como que "valores mais altos se alevantam" e é agora ou nunca! Sinto que esta é a minha ultima oportunidade e que com unhas e dentes tenho de a agarrar!

 

Estamos sempre a tempo de recomeçar, de mudar, de nos reinventarmos... Já tenho 44 anos? Não! Só tenho 44 anos! Quero voltar a ter sonhos e planos e quero lutar por eles! Eu estou, eu sei, na segunda metade da minha vida e o rio continuará a descer a arrastar-me em direção ao mar... Mas ainda não "acabei", ainda me faltam muitos anos para lá chegar... Posso flutuar, posso nadar, posso parar quando me apetecer parar, posso observar as praias e a vegetação, posso aprender coisas novas... 

 

Neste momento, todo o meu tempo livre é dedicado a estudar português para a preparação do Exame Nacional! O que custou foi começar! (texto que escrevi a 5 de Dezembro de 2017). E que maior inspiração para recomeçar do que o grandioso Luís Camões que estou agora a estudar? 

 

 

17
Jan18

Mãe? Egoísmo vs. Orgulho!


Cristina Ferreira

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Sou uma mãe egoísta! Não só por vezes me apetece parar o tempo pois não quero que os meus meninos cresçam, como também não quero que se tornem autónomos e independentes: quero que precisem sempre de mim! Quero ser útil e continuar a deles cuidar! Sim... Vergonhoso, mas é verdade!

 

No que às pequenas tarefas do dia a dia diz respeito, só no verão passado me apercebi que o meu menino grande tem 15 anos! De repente entrou para o 10º ano e para mim foi como um soco no estômago, um cair na realidade! Passei o verão a repetir: 15 anos, 15 anos, 15 anos...

 

Para além das minhas habituais divagações sobre como foi possível o tempo passar tão rápido, dei comigo a lembrar e comparar todas as coisas que eu já fazia com 15 anos: ajudava a cozinhar, ajudava a arrumar a casa, tratava da minha roupa... Ele? Bom confesso que muito pouco ou quase nada... No início deste ano letivo, finalmente percebi que as coisas tinham de mudar...

 

Há pequenas tarefas que ele faz de boa vontade, outras que vai adiando na esperança que eu faça... Aliás aos meus pedidos de ajuda na arrumação, aprendeu a responder com a expressão: "Sabes mamã, às vezes eu não arrumo logo e mesmo assim aparece no armário! Parece que vem um anjo e arruma..." Sim eu sei: é pura chantagem emocional, mas sabe tão bem, não sabe?

 

Seja como for são 15 anos e em abril serão 16... Meu Deus, em Abril 16?? Como é possível, já 16 anos??! Ok! STOP mamã! Para com isso mamã!... 

 

Dizem que eu penso demais... É verdade: sempre tive esse vício! Quando eram pequeninos e, saíamos para passear ou entravamos num local novo, eu avaliava minuciosamente e nos primeiros segundos todas as possibilidades de acidente: os pontos dos quais não se poderiam sequer aproximar, os pontos dos quais poderiam mas só se não largassem a minha mão e os tranquilos pontos estratégicos onde estariam bem seguros!

 

A cada mudança eu pondero e pondero demais! Avalio com cuidado também a repercussão que os disparates que por vezes digo ou faço possa ter neles... Incapaz de impor regras rígidas, sempre optei por educar pelo exemplo. Se o "Se faz favor..." e o "Obrigada!" eram imperativos, também o era o "Desculpa!" quando errava... 

 

Quanto às tarefas: decidi dividir. Por exemplo, o pequeno almoço sirvo eu, o lanche preparam eles... Bom confesso que o lanche nem sempre, mas quem resiste a um: "Mamã por favor, podes pôr tu a manteiga? Pões com tanto amor e carinho que sabe melhor..." Já a roupa alternamos, às vezes dobro eu, às vezes dobram eles... Mas nos quartos não há excepção: aí são sempre eles!

 

Sei que aos poucos vão aprender a fazer tudo sozinhos, mas até lá, será que é muito grave se eu continuar a tratar de algumas coisas e serei perdoada se tudo fizer com muito amor e carinho? 

 

Quando às vezes vou para fazer e já fizeram ou quando algo que eu deixei fora do lugar já encontro arrumado, não posso evitar sorrir... Foram eles! Os meus meninos estão a crescer, estão a aprender a ser independentes e eu fico tão orgulhosa!

 

 

 

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