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Daily Routine by Cristina Ferreira

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Daily Routine by Cristina Ferreira

27
Jan18

Sou uma mãe babada!!!


Cristina Ferreira

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Verdade: sou uma mãe babada! Sempre fui... Costumam dizer-me que tenho muita sorte com os meus filhos e é verdade: tenho!

 

Educar não é tarefa fácil e, como talvez a maioria das mães, também eu sinto que cometi muitos erros. No entanto, quando tenho diálogos como o que há pouco tive com o meu menino grande, ele vira costas e eu sorrio orgulhosamente pensando sem qualquer ponta de humildade: "Esta forma de pensar, de planear, de decidir... Fui EU que lhe ensinei!"

 

Não sou uma mãe galinha! Costumo dizer que não estou sempre em cima deles, mas estou um metro atrás sempre atenta e prontinha para os apanhar se houver algum risco de caírem!" Estou atrás, estou ao lado... Acompanho, observo, vigio, analiso... Tudo sempre sem impedir que eles aprendam sozinhos o que devem aprender sozinhos, sem impedir que se testem, sem impedir que cresçam...

 

Quando eram pequeninos, contrariamente aos conselhos que pessoas ao meu redor me davam, nunca os deixei chorar sozinhos! Adormeci-os muitas e muitas vezes ao colo! Agoiravam que eu estava a criar filhos mimados e caprichosos! Mentira! Objetivamente: mentira! Eu criei filhos que sabem que aconteça o que acontecer podem sempre contar comigo...

 

Quando eram pequeninos e colocavam mil e uma questões, sobre tudo e sobre nada, a todas eu respondia... Nunca deixei uma única questão por responder! Nunca respondi com um "Sim, sim!" ou um "Não, não!" sem ouvir com atenção... Sempre que tinham uma dúvida, uma questão, eu tentava responder e repetia até eles perceberem e não restar qualquer hesitação... E eles aprenderam a confiar em mim!

 

Por vezes, no final de um dia de trabalho, era difícil... Mas eu tentava explicar: "Desculpa... Podes esperar só um bocadinho que a mamã está cansada..." Aprenderam que mamã não era incansável e que a mamã às vezes precisava de silêncio... Aprenderam que depois de descansar voltava e lhes dava toda a atenção... Eles aprenderam a respeitar!

 

Nunca dei ordens sem explicar porquê. Nunca usei o "Porque sim!" ou o "Porque eu é que mando!" Explicava porque é que era o mais correto, o mais saudável, o melhor para eles... Se me desafiaram? Claro que sim! Se eu poderia ter sido mais rigorosa? Talvez... Se teria sido melhor para eles? Não sei...

 

Ensinei-lhes o porquê de existirem regras e rotinas pois só assim as podem cumprir de livre vontade. Ensinei-os a pensarem por eles, a ter opinião própria e espírito crítico, a saber observar, avaliar e decidir... Nas tomadas decisão, claro que a última palavra é minha, mas desde sempre debati os mais variados temas com eles...

 

Às vezes é difícil perceber onde está a fronteira, perceber onde está o limite entre o correcto, o excesso e o errado. Sim é difícil educar e impossível não falhar... 

 

Não! Os meus filhos não são dois anjinhos perfeitos! Pelo contrário: com dois anos de diferença de idade entre eles, sempre foram dois reguilas! Mas são os meus reguilas! E eu sou uma mãe babada! Não sei o que o futuro me reserva, mas neste momento sinto que os estou a colocar no bom caminho...

24
Jan18

TAG - 25 Perguntas Aleatórias!


Cristina Ferreira

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Ora então respondendo ao desafio encaminhado pela Rute d' O meu maior sonho, cá estão finalmente as minhas respostas...

 

 1. Sais de casa sem...?

Sem os meus filhos que infelizmente já não me ligam nenhuma! Nem me lembro quando foi o último passeio "a sério" em família... E não estou a brincar!

 

2. Qual é a tua marca de maquilhagem preferida?

Já não uso maquilhagem com o "rigor" que usava há uns anos atrás... Ainda tenho algumas sombras da Kiko, a base é da Lancôme, mas o meu companheiro inseparável insubstituível, e que já me realça o olhar há alguns anos, é o Mega Volume Collagene 24 da L'Oreal. 

 

3. Qual é a tua flor preferida?

A tulipa... Fascina-me o seu misto de fragilidade e elegância...

 

4. Qual é a tua loja de roupa favorita?

Favorita ou onde costumo comprar? Adoro a Salsa... Mas compro na H&M

  

5. Saltos altos ou baixos?

Confesso que já opto cada vez mais pelo conforto! Saltos altos cada vez mais só em ocasiões especiais... 

 

6. Qual é a tua cor favorita?

Branco... Eternamente o branco...

 

7. Qual é a tua bebida preferida?

Água! Ando sempre com a garrafinha atrás...

 

8. Qual é o teu hidratante favorito?

Facial? Ultimamente oscilo entre os Nivea e os L'Oreal (o que estiver em promoção quando precisar de comprar!) Corporal? O Creme Barral. E tenho sempre comigo uma latinha de Nivea azul: mágica para os lábios secos ou gretados!

 

9. Pretendes casar? 

Novamente? Não! O meu casamento durou 10 anos e temos 2 filhos fantásticos... Está feito!

 

10. Irritas-te facilmente? 

Não! Aliás, há uns anos atrás, o meu menino grande até me maravilhou com um: "Mamã! Se existisse um record do Guinness para a mãe mais paciente do mundo, esse record era com toda a certeza para ti!"

 

11. Róis as unhas? 

Ups... Agora já não, mas roí até aos 33 anos! O segredo para deixar? Vergonha profissional: supervisora de um Centro de Estética era uma vergonha ter as unhas roídas! Noblesse a quanto obrigas, mas pelo menos curou o vício!

 

12. Já desmaiaste? 

Não, nunca...

 

13. Onde estavas há 3 horas atrás?

Na sala agarrada ao livro de preparação do Exame de Português!

 

14. Estás apaixonada? 

Sim! Sou apaixonada pelos meus filhos! Sou apaixonada pelos meus sonhos e projetos por vezes mirabolantes... E claro pelo meu M. !

 

15. Qual foi a última vez que foste ao shopping?

Hoje ao almoço, mas só de passagem... Não comprei nada! Sim, sou talvez das poucas mulheres que conseguem atravessar lojas e lojas sem comprar nada! Mesmo... (Espreita aqui: Esta sou mesmo eu!)

 

16. Assististe algum filme nos últimos 5 dias?

"Passengers" no ultimo fim de semana. O dilema, a seguir, cá em casa foi: "E se fosse contigo? Acordavas alguém? Suicidavas-te? Ou deambulavas pela nave acordado sozinho até morreres de forma natural?"

 

17. Como estás vestida agora?

Calças de ganga, como sempre... 

 

18. Qual foi o último alimento que comeste?

Ao lanche: torrada com leite!

 

19. Qual é o teu animal favorito?

Nunca consegui decidir entre o cão e o gato... Cresci na aldeia na companhia dos dois! Em casa dos meus pais chegámos a ter, em simultaneo, 4 cães e 7 gatos!

 

20. Como seriam as tuas férias de sonho?

Há sonhos que já prefiro não ter... Continuar a ter férias já é um sonho!

 

21. Quais são os planos para hoje à noite?

Se conseguir, mais umas páginas de Português... Se não, só umas páginas de "Harmonia perfeita" de Barbara Wood, livro que estou quase a acabar... Para a devoradora de livros que sou, alguma leitura antes de dormir é o único plano noturno obrigatório!

 

22. O que estás a ouvir agora? 

O silêncio da sala, o som dos meus dedos no teclado... E os rumores distorcidos que chegam dos vídeos do Youtube que os miúdos estão a ver no quarto!

 

23. Colecionas alguma coisa? 

Se chamarmos coleção à louça rachada que não consigo jogar fora: sim! Tenho uma pequena coleção de canecas e pratos lascados que já uso com os miudos há anos, mas como cada lasca conta uma história, não consigo jogar fora...

 

24. Comes fastfood?

Muito raramente... Só em dia de "festa"... A nível de alimentação, não sigo nenhuma dieta louca, mas sou muito equilibrada...

 

25. ??? Afinal só são 24 perguntas mas chama-se 25...  Bom, sendo assim, vou então nomear as minhas sucessoras (que espero não estar a repetir):

 

Kamini d' Achintya

Miss X de Louca Sereia

Paula Rocha de Mãe do coração sou eu

Gabriela Lima de Não importa se estive ou não

L de Simplesmente simples

 

 

 

22
Jan18

"Não quero perder o meu cabelo, querida..."


Cristina Ferreira

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"Amanhã não venho, tenho uma consulta..." Fiquei a olhar para ela... Ainda estávamos na sala onde tínhamos acabado de fazer a aula de Ginástica Localizada. "Não deve ser nada grave..." pensei. "Rotina? Coisas de mulher? Talvez seja melhor eu não perguntar..."

 

Ela continuou a olhar para mim com ar de quem precisava de desabafar... Eu hesitei mas perguntei: "Mas está tudo bem D. Barbara?Suspirou, sorriu e arrastadamente respondeu-me: "Não querida...Eu, que ainda estava alongar, levantei-me e perguntei-lhe surpreendida: "Então, que se passa D. Barbara? Alguma coisa grave?

"Eu tenho cancro, querida..."

 

Senti-me paralisar... Sem saber o que dizer, fiquei ali parada a olhar para ela enquanto me contava que o tinham descoberto por acaso numa consulta de rotina... Não tem dores, não sente nada... Mas tem cancro e ainda não consegue acreditar... 

 

Alta e loira, de olhos verdes grandes e expressivos, a D. Bárbara é uma daquelas senhoras da "alta sociedade". Uma Barbie linda e elegante, de olhar meigo e sorriso delicado, possuidora de uma energia contagiante...

 

"Não vou fazer os tratamentos querida... Fui enfermeira e vi de tudo no hospital... Nesta idade prefiro morrer!"

 

Conheço a D. Bárbara há quase 3 anos, mas nunca trocáramos mais do que meia dúzia de palavras no início ou no final das aulas. Não sei porque hoje me escolheu a mim para desabafar... 

 

Quando cruzava com ela, eu não conseguia evitar sorrir e pensar: "Espero envelhecer assim..." Imaginava-a quando jovem, linda como uma Brigitte Bardot... Acompanhei-a pelo corredor e, antes de virar, lançou-me um "Não quero perder o meu cabelo, querida...

20
Jan18

E quando valores mais altos se alevantam...


Cristina Ferreira

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Na vida fazemos escolhas, tomamos decisões, decidimos entre opções... Às vezes certas, às vezes erradas... Às vezes impulsivas, às vezes devidamente ponderadas... Às vezes seguimos o nosso coração, às vezes decidimos com alguma objetividade... Às vezes escolhemos o que é deveras melhor para nós, às vezes optamos simplesmente pelo que é mais fácil de alcançar... Às vezes lutamos com todas as nossas forças, às vezes deslizamos apenas, e sem esforço, na corrente... Quando um dia somos forçados a parar e a observar, corremos o risco de, a custo, nos apercebermos que nos limitámos a descer o rio a flutuar...

 

Aos 40 anos fiquei pela primeira vez desempregada: sem planos, sem ideias, sem saídas... Senti-me a bater no fundo, completamente perdida e à deriva! Limitando-me a flutuar, o rio tinha-me arrastado para águas nas quais nunca dantes imaginara um dia vir a navegar... Olhando para trás, na tentativa vã de apurar o percurso que me levara até ali, questionei as minhas escolhas passadas...

 

Nasci em França e aos 12 anos regressei à aldeia natal dos meus pais. Cresci no interior e quando chegou o momento de entrar na Universidade, candidatei-me ao Instituto Politécnico da Guarda para o mais perto possível deles ficar. Fiz um Bacharelato em Comunicação Social e Relações Públicas e, quando terminei, fui fazer estágio numa empresa na qual comecei em seguida a trabalhar.

 

Fizera as cadeiras todas do curso, mas como comecei a trabalhar, nunca completei nem entreguei o relatório de estágio. Sempre empregada, por conta de outrem e 8 anos por conta própria, ignorei totalmente o peso da formação... Ao ficar desempregada fui forçada a analisar pela primeira vez o peso das minhas escolhas passadas...

 

Foi nessa altura também que fui confrontada com uma das frases mais inesquecíveis que algum dia o meu menino grande me disse. No meio de um aceso debate após um daqueles típicos sermões de mãe para filho sobre "Tens de estudar e ser um bom aluno...", olhou-me seriamente, olhos nos olhos, e perguntou-me: "Mamã, tu era boa aluna, não eras?" Não percebendo a pergunta, eu respondi-lhe o que ele já sabia: "Sim..." Inocentemente e de olhos arregalados, ele então exclamou: "E olha onde acabaste!!" E eu olhei: tinha-me tornado numa uma mãe desempregada, deprimida e desesperada... A empresa falira e pela primeira vez eu não fazia a mínima ideia do que ia fazer a seguir...

 

Desde então, oscilo entre empregos e estou longe de alcançar a estabilidade que aos 20 anos imaginava que iria ter ao chegar aos 50. Fruto da nossa sociedade? Muitos na minha faixa etária se encontram na minha situação? Talvez... Seja como for ao analisar o meu perfil profissional percebi que apesar de me considerar uma pessoa dinâmica, organizada e com experiência, fluente em francês e inglês e com conhecimentos de espanhol, para todos efeitos eu só tenho o 12º ano! 

 

Tenho consciência de que mesmo que consiga novamente entrar para a Universidade e completar nova licenciatura, nos dias que correm, isso pouco ou nada se refletirá no valor do meu ordenado... No entanto sinto como que "valores mais altos se alevantam" e é agora ou nunca! Sinto que esta é a minha ultima oportunidade e que com unhas e dentes tenho de a agarrar!

 

Estamos sempre a tempo de recomeçar, de mudar, de nos reinventarmos... Já tenho 44 anos? Não! Só tenho 44 anos! Quero voltar a ter sonhos e planos e quero lutar por eles! Eu estou, eu sei, na segunda metade da minha vida e o rio continuará a descer a arrastar-me em direção ao mar... Mas ainda não "acabei", ainda me faltam muitos anos para lá chegar... Posso flutuar, posso nadar, posso parar quando me apetecer parar, posso observar as praias e a vegetação, posso aprender coisas novas... 

 

Neste momento, todo o meu tempo livre é dedicado a estudar português para a preparação do Exame Nacional! O que custou foi começar! (texto que escrevi a 5 de Dezembro de 2017). E que maior inspiração para recomeçar do que o grandioso Luís Camões que estou agora a estudar? 

 

 

17
Jan18

Mãe? Egoísmo vs. Orgulho!


Cristina Ferreira

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Sou uma mãe egoísta! Não só por vezes me apetece parar o tempo pois não quero que os meus meninos cresçam, como também não quero que se tornem autónomos e independentes: quero que precisem sempre de mim! Quero ser útil e continuar a deles cuidar! Sim... Vergonhoso, mas é verdade!

 

No que às pequenas tarefas do dia a dia diz respeito, só no verão passado me apercebi que o meu menino grande tem 15 anos! De repente entrou para o 10º ano e para mim foi como um soco no estômago, um cair na realidade! Passei o verão a repetir: 15 anos, 15 anos, 15 anos...

 

Para além das minhas habituais divagações sobre como foi possível o tempo passar tão rápido, dei comigo a lembrar e comparar todas as coisas que eu já fazia com 15 anos: ajudava a cozinhar, ajudava a arrumar a casa, tratava da minha roupa... Ele? Bom confesso que muito pouco ou quase nada... No início deste ano letivo, finalmente percebi que as coisas tinham de mudar...

 

Há pequenas tarefas que ele faz de boa vontade, outras que vai adiando na esperança que eu faça... Aliás aos meus pedidos de ajuda na arrumação, aprendeu a responder com a expressão: "Sabes mamã, às vezes eu não arrumo logo e mesmo assim aparece no armário! Parece que vem um anjo e arruma..." Sim eu sei: é pura chantagem emocional, mas sabe tão bem, não sabe?

 

Seja como for são 15 anos e em abril serão 16... Meu Deus, em Abril 16?? Como é possível, já 16 anos??! Ok! STOP mamã! Para com isso mamã!... 

 

Dizem que eu penso demais... É verdade: sempre tive esse vício! Quando eram pequeninos e, saíamos para passear ou entravamos num local novo, eu avaliava minuciosamente e nos primeiros segundos todas as possibilidades de acidente: os pontos dos quais não se poderiam sequer aproximar, os pontos dos quais poderiam mas só se não largassem a minha mão e os tranquilos pontos estratégicos onde estariam bem seguros!

 

A cada mudança eu pondero e pondero demais! Avalio com cuidado também a repercussão que os disparates que por vezes digo ou faço possa ter neles... Incapaz de impor regras rígidas, sempre optei por educar pelo exemplo. Se o "Se faz favor..." e o "Obrigada!" eram imperativos, também o era o "Desculpa!" quando errava... 

 

Quanto às tarefas: decidi dividir. Por exemplo, o pequeno almoço sirvo eu, o lanche preparam eles... Bom confesso que o lanche nem sempre, mas quem resiste a um: "Mamã por favor, podes pôr tu a manteiga? Pões com tanto amor e carinho que sabe melhor..." Já a roupa alternamos, às vezes dobro eu, às vezes dobram eles... Mas nos quartos não há excepção: aí são sempre eles!

 

Sei que aos poucos vão aprender a fazer tudo sozinhos, mas até lá, será que é muito grave se eu continuar a tratar de algumas coisas e serei perdoada se tudo fizer com muito amor e carinho? 

 

Quando às vezes vou para fazer e já fizeram ou quando algo que eu deixei fora do lugar já encontro arrumado, não posso evitar sorrir... Foram eles! Os meus meninos estão a crescer, estão a aprender a ser independentes e eu fico tão orgulhosa!

 

 

 

15
Jan18

Olhar o mar.. ou amar?...


Cristina Ferreira

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Por mais teorias que se inventem sobre a importância da solidão e o aprender a viver sozinho, continuo a achar que é tudo treta e que na verdade poucos são os que gostam, querem ou conseguem estar sempre sós!

 

Separei-me há 8 anos atrás... Inicialmente, e apesar da inevitável dor causada pela separação, adorei a sensação de liberdade novamente adquirida! Ao meu lado, a absoluta certeza de que só sozinha conseguiria caminhar em direção à tão buscada felicidade! "Todo o espaço e tempo disponíveis na minha vida são agora só para mim e para os meus filhos!" pensara eu, e com convicção, na altura... Doce ilusão!

 

Se os esporádicos fins de semana sem os meus meninos até se foram tornando suportáveis, as férias não! Foi aliás nas primeiras férias em que eles partiram com o pai, e apenas durante uma semana seguida, que eu senti, pela primeira vez, que um dia eles iriam partir para sempre e que para sempre eu iria ficar sozinha!

 

Foi aí que começou a minha luta com o tempo, foi aí que eu percebi que o tempo voaria e foi aí que eu percebi que eles iriam crescer a uma velocidade que eu jamais iria conseguir controlar!

 

"Ainda és jovem! Ainda és bonita! Logo casas outra vez!" repetiam à minha volta... Mas eu só pensava: "E os meus filhos? Como se introduz uma nova pessoa na vida deles sem ocupar espaço? Como posso eu sequer ter tempo, "concentração" ou até "disposição" para um relacionamento sem roubar o tempo deles?..."

 

Eu sei, eu sei! Dirão as mães mais práticas e experientes que eu penso demais! E sim, talvez seja verdade... Mas os meus filhos são os meus filhos e, digam o que disserem, façam o que fizerem, os meus filhos foram e serão sempre a minha prioridade... Pelo menos enquanto eles assim o desejarem... E sim, friso: "assim o desejarem" pois sei que isso está e vai continuar a "mudar"... E, foi e é, esse "mudar" que me permitiu começar a sentir e a usufruir de "alguma liberdade"...

 

Inicialmente, quando eles partiam de férias, eu tentava sair, divertir-me e até conhecer novas pessoas.... Mas quando eles voltavam, eu sentia-me novamente completa e preenchida e, uma pessoa nova que tentasse entrar num mundo que só a nós os três pertencia, tornava-se inevitavelmente, e a curto prazo, um invasor mal recebido!

 

Um dia decidi que bastava: ia seguir à riscas as teorias da solidão e que se lixasse quem me queria voltar a casar! Não adiantava eu tentar enganar-me: os meus filhos eram o centro da minha vida e ninguém ia conseguir entrar para ficar! Confesso que começou por correr bem ... Mas aí conheci o meu M.!

 

O meu M. foi diferente... Não pressionou, não exigiu, não invadiu... Aceitou e admirou a mãe que eu era, a mãe que eu sou e a mãe que eu, espero, continuarei a ser... Mas nesta que é, quiçá, uma fase de transição, em os meus meninos já não me "querem" a tempo inteiro e são os primeiros, ao domingo à tarde, a "despachar-me" com um carinhoso: "Vai mamã! Vai ter com o teu M.!" para assim poderem ficar tranquilos a jogar on-line com os amigos, agora sim, eu vou sem remorsos e sem culpa... Deixo a mamã em casa e levo apenas comigo a Cristina que sente que já tem o direito de voltar...

 

Há uns anos atrás, quando ainda vivíamos, em família, em Viana do Castelo, íamos frequentemente os quatro passear à beira mar. Com o meu, na altura, ainda marido observávamos perguntando-nos, sem conseguir entender, qual seria o prazer de ficar apenas dentro do carro a olhar o mar... Gozávamos dizendo que, aquele ato repetido por ocupantes de inúmeros carros estacionados alinhados, lado a lado, ao longo da praia, devia ser alguma elaborada e enraizada tradição Vianense!

 

Ontem fui com o meu M. à beira mar. Estava vento e ficámos no carro. Lembrei-me de Viana percebendo que, num casamento, ou numa vida em que já não se é feliz, se quer mais e sempre mais: sair, passear, fazer mil e uma coisas para disfarçar e ocultar a infelicidade que vai chegando e se instalando... 

 

Às vezes sinto-me a oscilar entre dois mundos... Num ainda sou só a mamã, noutro volto aos poucos a ser também a Cristina... Uma Cristina que agora até consegue, num domingo à tarde, ficar feliz, quentinha no carro à beira mar, simplesmente a olhar o mar ... e a amar... 

12
Jan18

Diário do "bipolar"


Cristina Ferreira

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 Diário do "bipolar"

 

 

Porquê o Diário do "bipolar"? Simplesmente porque sim... Simplesmente porque se ousares lá entrar vais ler, sonhar e acreditar que sim...

 

Se com o meu sim não te convenci, lê a introdução do autor...  Improvável a escrita do Lindolfo Alexandre não te encantar!

"Diário do amor, em parcelas escritas de lágrimas, silêncios e ânsias. O tempo igual ao de todos, pincelado de saudade e esperança. A luz que surge no caminho. Viver. Cair e levantar. Em cada dia."

11
Jan18

Ter um filho é um ato de egoísmo...


Cristina Ferreira

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Passei há uns tempos por um blog de uma mulher que se questionava sobre ter ou não ter filhos. Após leitura de alguns dos seus posts percebi que a decisão no casal já estava tomada. Ela ainda tinha algumas dúvidas pois os textos do blog transmitiam como que um pedido de socorro, uma urgente necessidade de aprovação de que a decisão tomada era a mais correta... Apesar de talvez, no fundo do seu coração, ela própria saber que queria mais...

 

Com o marido haviam decidido que não deviam ter filhos por causa da instabilidade e incerteza que hoje em dia no mundo se vive, pois esta leva inevitavelmente à crença de que qualquer nova criança que nasça virá certamente a sofrer...

 

O telefone tocou, eu fechei a janela do blog e não a segui, nem tive tempo para comentar... Quando mais tarde voltei aos blogs já não a consegui encontrar.

 

Identifiquei-me com algumas das suas palavras. Desde que me lembro de mim que sonho ser mãe e ter uma grande família. Cresci com um irmão rapaz e sentia falta de mais companhia. Desde tenra idade que o meu sonho de familia ideal eram 4 filhos! Por diversas razões, fiquei pelos dois, mas como costumo dizer, tenho dois que valem por quatro!

 

Por volta dos meus 20 anos senti, no entanto, aquela mesma preocupação... Todos nós temos momentos em que nos sentimos infelizes, perdidos, desorientados... Senti nessa altura que ter um filho poderia ser um ato de egoísmo... Criar um novo ser apenas para nosso deleite pessoal, sem termos a possibilidade de lhe garantir que será para sempre feliz é egoísmo...

 

Casei aos 25 anos e aos 27 já não consegui continuar a fugir ao chamamento do meu relógio biológico... Tomámos a decisão, fiz os exames necessários, primeira tentativa e no mês seguinte estava grávida! A gravidez correu bem, o meu bebé nasceu perfeito e de um parto sem qualquer complicações. Dois anos depois nova gravidez, mais uma vez sem problemas e mais um bebé saudável!

 

Se me continuei a questionar? Para mim, os meus filhos foram e são a melhor coisa que me aconteceu... Para eles? Sim, até hoje são felizes... Se o vão ser para sempre? Não sei...

 

Mas sei que a responsabilidade da decisão foi minha... Quando um dia os vir sofrer, quiça por causa da instabilidade, por amor, por doença ou por dúvidas existênciais, sim vou certamente sempre lembrar-me que a decisão de os ter foi minha! Fui eu que egoisticamente decidi ter 2 filhos... Sim ter um filho é um verdadeiro ato de egoísmo...