Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Daily Routine by Cristina Ferreira

.

.

Daily Routine by Cristina Ferreira

15
Dez17

Negociar com o TEMPO em 4 passos... e com sucesso!


Cristina Ferreira

superthumb (1).jpg

 

 

Primeiro tentei conversar com o TEMPO! Sussurrei-lhe pedindo-lhe com carinho para abrandar um bocadinho... Pû-lo a par das minhas ausências profissionais e pedi-lhe: "Por favor deixa-me aproveitar mais um bocadinho os colinhos, as canções de embalar e as histórias ao deitar..." Mas o TEMPO ignorou-me e não respondeu! Quando dei por ele, os meus meninos tinham crescido mais um pouco e já estavam na escola primária! Se calhar eu falara muito baixinho e o TEMPO não ouviu...

 

Então tentei a chantagem emocional: já tinha suspendido todas as minhas atividades pessoais e não lhe pedi tempo para mim... Todo o tempo fora do trabalho pedi-lho para os meus meninos... Talvez assim, mostrando-lhe apenas o meu banal quotidiano de mãe trabalhadora, ele abrandasse... Mas ele continuou a ignorar-me e os meus meninos foram para o ciclo! Provavelmente, o TEMPO não gosta de ser chantageado...

 

Não desisti e tentei suborná-lo! Com os dois a caminho da secundária, a entrar na adolescência e a distanciarem-se gradualmente de mim, lancei ao TEMPO uma última cartada: "Tempo! Eu agora fico mais por casa, mudo de vida! Abranda agora por favor, deixa que eles voltem só mais um pouco para mim..." O TEMPO não me ouviu e não abrandou, mas é verdade que, mais por casa, recuperei-os um bocadinho...

 

Por fim zanguei-me com o TEMPO pois eles continuam a crescer! "Ó TEMPO! Não me avisaste que a infância ia durar tão pouco! E agora? Tenho tanto tempo para mim... Vou ao ginásio, faço yoga, meditação e tenho muito tempo para ler! Quero voltar a estudar e até tenho tempo para escrever um blog!"

 

Foi então que o TEMPO finalmente respondeu:  "Ah! Finalmente percebeste! Eles cresceram e continuam a crescer saudáveis e equilibrados graças a ti! Até aqui, tu cumpriste a tua missão de mãe... Agora para a completares com sabedoria, terás de lhes dar espaço e libertá-los! Eu vou continuar a passar... Tu não me podes parar! Qualquer dia eles vão para a universidade, é verdade que vais ter sempre saudades! Mas lentamente vais recomeçar..."

 

 

 

 

 

 

27
Nov17

Sorri como sorris quando olhas para mim!


Cristina Ferreira

 

b7ca16981f502cec6b0965cea000f687.jpg

 

Este fim de semana, eu precisei de umas fotografias e pedi ao meu bebé grande para ser o meu fotografo. Para mim, tirar fotografias foi sempre uma grande complicação! Para além de não ser muito fotogénica, nunca consigo sorrir para a fotografia... É frustrante não saber fazer sorrisos forçados! Apesar de fofinha, fico sempre com um ar triste e deslavado!

 

Não obstante ser conhecedor desta preciosa informação, este meu fotografo queria a todo o custo que eu sorrisse e insistia: "Anda lá! Sorri! Ficas muito mais bonita quando sorris!"... Eu lá ia forçando, ele lá ia disparando e analisando o resultado, mas nada. "Oh não! Ainda não! Anda lá mamã! Sorri!" 

 

Após várias tentativas frustradas e à beira de desistir, o rosto dele ilumina-se com a expressão mágica, de quem, certo e seguro, acaba de encontrar a solução para o nosso enorme problema! Olha-me muito sério e ordena-me:

"Mamã! Já sei! Sorri como sorris quando olhas para mim!!! Sabes aquele sorriso que fazes quando me vais buscar à escola e me vês chegar junto ao carro?" 

Virou costas e muito decidido dirigiu-se para o corredor. E eu fiquei ali parada, momentaneamente boquiaberta e sem reação, a vê-lo simplesmente desaparecer, sem perceber... Segundos depois, voltou e saltando de repente para a minha frente, gritou: "Mamã! Cheguei!"

 

E aí foi impossível eu não sorrir! Sorri do fundo do coração... e parti-me a rir à gargalhada! 

 

Hoje fui buscá-lo à escola para almoçar... E não é que ele tem razão? Fico ali séria e focada à espera dentro carro... Toca a campainha e começa a sair a multidão... E quando o avisto... é pura magia! Posso estar preocupada, pensativa, deprimida, comprimida... mas quando ele aparece, não preciso de olhar para o espelho para saber e sentir que o meu rosto se abre e ilumina num enorme, sincero e delicioso sorriso!

 

20
Nov17

Quero a redoma do Principezinho!


Cristina Ferreira

prince.gif

 

Ofereci o livro «O Principezinho» de Antoine de Saint-Exupéry ao meu menino grande quando ele tinha 6 anos. Durante muito tempo foi um dos seus livros preferidos. Foi o livro que ele orgulhosamente escolheu para a mamã ir ler à escola na semana da leitura do seu 2º ano!

 

Jiboa aberta, jiboa fechada...  caixinhas para a ovelha... o planeta e a rosa... e todas as coisas mágicas que os adultos já não viam... No entanto, houve uma coisa que eu, uma mamã adulta, vi e invejei desde a primeira vez que lho li: a Redoma do Principezinho!

 

Um bebé nasce pequenino e frágil e uma mamã quer protegê-lo. Protegê-lo a todo o custo! Protegê-lo de tudo e todos! Secar-lhe todas as lágrimas, afuguentar-lhe todos os medos... E uma mamã consegue... É tão fácil proteger um bebé!

 

O problema é que um bebé cresce... E os meus bebés cresceram... E foram-se soltando de mim, foram-se afastando do meu colo, deslizando sorrateiramente para lá do alcance da minha proteção... Os meus meninos cresceram, começaram a ter uma vida lá fora sem mim e a sofrer as suas penas... E por mais que eu queira não lhas posso roubar e carregar em mim...

 

Quando tudo o resto falha, quando tudo fica longe do meu aconchego e proteção, vem a imagem da Redoma do Principezinho:

 "Quem me dera ter a Redoma do Principezinho para vos colocar lá dentro!"

 

A primeira vez que o meu bebé grande (sim tenho um menino grande e um bebé grande) ouviu essa minha louca expressão, lembro-me que exclamou: "Mamã assim não podiamos respirar e morriamos!"

 

Verdade... Eu não posso simplesmente pegar nos meus meninos e colocá-los numa redoma... Mas e se fosse a redoma mágica do Principezinho...?

 

 

 

15
Nov17

Recordar um momento de felicidade...


Cristina Ferreira

15-11 baby.jpg

 

Sou fã de Body Balance! De todas as aulas que eu faço no ginásio, esta é sem dúvida a minha preferida. O meu professor de yoga chama-lhe "Yoga mal feito", eu chamo-lhe "Yoga coreografado com música fixe"... e não há como uma aula de Body Balance para relaxar e libertar o corpo e a mente...

 

Mas hoje não vou falar de Body Balance...

Vou partilhar o momento de relaxamento e meditação final: " Pensem num momento feliz, num momento em se sentiram muito especiais para alguém e revivam esse momento!" sugeriu a professora no final da aula...

 

E a minha mente viajou no tempo... O meu corpo continuava ali deitado no colchão, mas eu já não estava no Estúdio 2 do Ginásio...

Era meio da tarde, chovia lá fora e eu estava a subir as escadas do Infantário de Sta. Luzia, há 14 anos atrás... Cabelo solto e escuro, amplas calças castanhas e túnica de grávida...

E ao virar a esquina, lá estava ele: o meu bebé mais querido do mundo! Com o seu cabelo loiro e brilhante... Nascera careca e ainda nunca o tinha cortado... 

T-shirt cinza e azul, calcinhas de ganga a cobrir a fralda que ainda usava e as suas pernitas grossas... Tinha começado há pouco a andar e ainda se movia meio a cambalear.

 

Mas quando me viu... Correu! Sorriu, os olhitos vivos e arregalados, e correu! Correu para mim! Veio a balançar na minha direção com os braçitos muito esticados e as mãozitas pequeninas muito abertas! Saltou-me para o colo! E eu rodopiei-o no ar!

 

Eu estava no inicio da gravidez do mano. Mas penso que nessa altura ele não sabia o que era um mano! Nesse momento ele só sabia que a mamã era a pessoa especial!

E naquele momento eu senti-me como o Leonardo di Caprio no Titanic: I was the queen of the world! My baby was my world!  

14
Nov17

O casamento não é para sempre, mas a mamã e o papá sim...


Cristina Ferreira

father.jpg

 

 

  "Era uma vez um papá que conheceu uma mamã. Apaixonaram-se, casaram-se, tiveram dois lindos filhinhos e não viveram felizes para sempre!"

            Quantas vezes já ouviu este conto de fadas "desfadado"?

 

O papá e a mamã dos nossos filhos estão separados há 8 anos. Os nossos filhos tinham na altura apenas 7 e 5 anos.

Quando o papá e a mamã dos nossos filhos se separaram mergulharam naquele ciclo vergonhoso e egoísta inicial de discussões constantes, acusações sem sentido, culpabilizações absurdas... Normalmente à frente dos filhos... Muitas vezes desabafadas com os filhos... Sempre que possível: usando os filhos...

  

O papá e a mamã dos nossos filhos na altura não sabiam, mas agiam assim porque tinham medo: tinham medo de perder os seus filhos... Tinham medo perder o seu amor, tinham medo de perder o seu carinho... O papá e mamã dos nossos filhos sofriam antecipadamente pelos momentos que já não iam ter, pelos abraços de bom dia diários que já não iam receber, pelos beijinhos de boa noite diários que já não iam dar, pelos jantares onde já não iam estar, pelas rotinas que já não iam acompanhar, pelas férias que já não iam partilhar... 

 

 

Hoje gosto de pensar que, apesar da confusão inicial, somos uma família com sorte!

Já não sei porque nos separámos... Mas sei que foram os nossos filhos nos ensinaram a amar: a amá-los a eles e a incondicionalmente os colocar a eles em primeiro lugar. Os nossos filhos ensinaram-nos a sofrer em silêncio, a perdoar, a crescer e a aceitar. 

 

papá e mamã dos nossos filhos não viveram juntos felizes para sempre, mas para sempre haverá o papá e a mamã. Para sempre seremos uma familia. Os nossos filhos vivem com a mamã e passam as férias com o papá. O papá, apesar de residir noutra cidade, vem frequentemente visitá-los. O papá, apesar de residir noutra cidade, está felizmente mais próximo do que muitos papás que residem ao lado: o papá fala com eles no FACETIME todos os dias. Todos os dias!

 

Todos os dias o papá e a mamã dos nossos filhos estão com os nossos filhos. 

 

E quando em junho do ano passado a primeira coisa que psicologa da escola, antes de falarmos sobre os resultados dos testes psicotécnicos para as escolhas do 10º ano me disse: "O seu filho nem parece filho de pais de divorciados!" orgulhei-me da mamã e do papá dos nossos filhos pois afinal os contos de fadas existem mas com "para sempre" diferentes...

 

 

30
Out17

É um menino! Oh não... E agora??


Cristina Ferreira

janko-ferlic-223240.jpg

 

Pertenço aquele grupo de mulheres que sempre souberam que queriam ser mães. Eu sempre quis ter um bebé. Alias, eu sempre quis ter uma bebé!

Quando engravidei pela primeira vez, simplesmente não "concebi" a possibilidade de que poderia ser um menino! Afinal de contas "eu era uma menina". Eu fizera coisas de menina: eu brincara com bonecas, eu lera contos de fadas, eu comprara vestidinhos e ganchinhos! Logo, porquê sequer ponderar um menino, certo?

 

Recordo ter sido no minuto antes de entrar para a "ecografia reveladora", no momento em que o meu marido me confessou: "Preferia um menino..." que, de repente, percebi que de facto poderia ser um menino. Afinal havia mesmo 50% de probabilidades de ser um menino...

Lembro-me de sorrir para o futuro pai do meu filho e responder apenas: "O mais importante é que corra tudo bem, querido..." Aquela frase feita que se diz apenas para ser carinhosamente correta, mas com a esperança da absoluta certeza, no fundo do meu coração, de que era uma menina. Só podia ser uma menina! Aliás tinha de ser uma menina pois eu não percebia nada de meninos! Eu não gostava de carros, nem de berlindes, nem de robots e muito menos de futebol!

 

Lembro-me que entrei no consultório com o coração aos saltos... E breves instantes depois a revelação na expressão do meu ginecologista: olhando para o ecrã onde estava o meu bebé e, a sorrir um daqueles sorrisos sorridentes de orelha a orelha, perguntou-me com a mais sincera certeza da minha felicidade: "Consegue ver?..."

Olhei para o meu marido que já conseguira ver o que eu ainda não vira... Recordo a sua expressão de felicidade e o seu grito de alegria: "É um menino!!! Cristina! É um menino!!!"

E eu sorri. Sorri o mais convincente sorriso que consegui sorrir... Sorri com lágrimas nos olhos... Lágrimas que pareceram de felicidade ou mais uma vez culpa das hormonas. 

 

Mas a verdade é que por dentro, naquele momento, eu só senti medo! Um gigantesco e horripilante medo! Só me apetecia gritar bem alto: "E agora???! Eu não percebo nada de meninos!!! Não percebo nada de meninos!!! Vocês não sabem, não percebem??!! Nada! Eu não percebo nada de meninos!!! Não vou saber brincar às coisas de meninos, não vou saber falar coisas de meninos!!! Vou ser um fracasso total como mãe!!!  E agora???!!" Mas sorri e continuei a sorrir para o meu marido babado e feliz...

 

 

Os meses passaram. Correu tudo bem... e o meu bebé menino nasceu... E a verdade é que a partir do primeiro instante, a partir do primeiro toque, da primeira caricia... O elo que se criou foi... indescritivelmente... eterno...

Obviamente, não foi necessário "aprender" a ser mãe de menino! Simplesmente fui... Simplesmente sou.

Voltei, no entanto, a questionar-me quando, um ano mais tarde, engravidei pela segunda vez: "hummm e se for uma menina?... Bolas, eu agora só percebo de coisas de meninos!..." 

               Felizmente foi um segundo menino! 

 

 

27
Out17

"A melhor mãe do mundo"...


Cristina Ferreira

andrae-ricketts-368209.jpg

 

Quando faço um balanço dos últimos anos, vêm-me sempre à cabeça as 1001 coisas que poderia ter feito diferente...

 

Quando há 16 anos atrás engravidei pela primeira vez, sonhei ser "A melhor mãe do mundo"...

Seria perfeita... Dar-lhe-ia tanto amor e carinho que ele jamais se sentiria sozinho! Teria tanta paciência para falar, ouvir e brincar que ele jamais iria chorar! Teria todo o tempo do mundo para o acompanhar: dos trabalhos da escola a ir jogar à bola...

 

16 anos depois? Fiquei bem aquém... 

O tempo foi voando e eu fui adiando.. .Adiando as brincadeiras, adiando as regras... Falhei, errei, adiei e adiei... 

Não encontrei receitas milagrosas, frases perfeitas, profecias ou modelos práticos e simples de aplicar!

 

Não, não fui "A melhor mãe do mundo": fui apenas mais uma...

Mais uma das muitas mães que diariamente correm da casa para a escola, da escola para o trabalho, do trabalho para o centro de estudos...

Delegamos, substituímos... Não estamos...Fazemos o que conseguimos neste mundo alterado, neste mundo virado... Onde uma mãe já nem tem tempo para ser mãe!