Mãe? Egoísmo vs. Orgulho!
Cristina Ferreira
Sou uma mãe egoísta! Não só por vezes me apetece parar o tempo pois não quero que os meus meninos cresçam, como também não quero que se tornem autónomos e independentes: quero que precisem sempre de mim! Quero ser útil e continuar a deles cuidar! Sim... Vergonhoso, mas é verdade!
No que às pequenas tarefas do dia a dia diz respeito, só no verão passado me apercebi que o meu menino grande tem 15 anos! De repente entrou para o 10º ano e para mim foi como um soco no estômago, um cair na realidade! Passei o verão a repetir: 15 anos, 15 anos, 15 anos...
Para além das minhas habituais divagações sobre como foi possível o tempo passar tão rápido, dei comigo a lembrar e comparar todas as coisas que eu já fazia com 15 anos: ajudava a cozinhar, ajudava a arrumar a casa, tratava da minha roupa... Ele? Bom confesso que muito pouco ou quase nada... No início deste ano letivo, finalmente percebi que as coisas tinham de mudar...
Há pequenas tarefas que ele faz de boa vontade, outras que vai adiando na esperança que eu faça... Aliás aos meus pedidos de ajuda na arrumação, aprendeu a responder com a expressão: "Sabes mamã, às vezes eu não arrumo logo e mesmo assim aparece no armário! Parece que vem um anjo e arruma..." Sim eu sei: é pura chantagem emocional, mas sabe tão bem, não sabe?
Seja como for são 15 anos e em abril serão 16... Meu Deus, em Abril 16?? Como é possível, já 16 anos??! Ok! STOP mamã! Para com isso mamã!...
Dizem que eu penso demais... É verdade: sempre tive esse vício! Quando eram pequeninos e, saíamos para passear ou entravamos num local novo, eu avaliava minuciosamente e nos primeiros segundos todas as possibilidades de acidente: os pontos dos quais não se poderiam sequer aproximar, os pontos dos quais poderiam mas só se não largassem a minha mão e os tranquilos pontos estratégicos onde estariam bem seguros!
A cada mudança eu pondero e pondero demais! Avalio com cuidado também a repercussão que os disparates que por vezes digo ou faço possa ter neles... Incapaz de impor regras rígidas, sempre optei por educar pelo exemplo. Se o "Se faz favor..." e o "Obrigada!" eram imperativos, também o era o "Desculpa!" quando errava...
Quanto às tarefas: decidi dividir. Por exemplo, o pequeno almoço sirvo eu, o lanche preparam eles... Bom confesso que o lanche nem sempre, mas quem resiste a um: "Mamã por favor, podes pôr tu a manteiga? Pões com tanto amor e carinho que sabe melhor..." Já a roupa alternamos, às vezes dobro eu, às vezes dobram eles... Mas nos quartos não há excepção: aí são sempre eles!
Sei que aos poucos vão aprender a fazer tudo sozinhos, mas até lá, será que é muito grave se eu continuar a tratar de algumas coisas e serei perdoada se tudo fizer com muito amor e carinho?
Quando às vezes vou para fazer e já fizeram ou quando algo que eu deixei fora do lugar já encontro arrumado, não posso evitar sorrir... Foram eles! Os meus meninos estão a crescer, estão a aprender a ser independentes e eu fico tão orgulhosa!