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Daily Routine by Cristina Ferreira

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Daily Routine by Cristina Ferreira

08
Fev18

O "Game of Thrones" visto pela mamã....


Cristina Ferreira

Tyrion_and_Cersei_201.jpg

 

 

Eu sei que já chego tarde à série, mas não tive a oportunidade de a ver antes... A aproveitar a repetição no TVCine Séries, estou tão fascinada que não posso deixar de escrever sobre ela! 

 

Há duas personagens no "Game of Thrones" que me fascinam... Não, não vou falar do Jon Snow, nem da sua carinha fofinha! Não, não vou falar do charmoso Jaime Lannister, nem dos músculos do fabuloso Khal Drogo! Bom, também reparei neles obviamente! Afinal uma das "enormes desvantagens" de ser mãe de dois meninos é ser "forçada" desde muito cedo a ver filmes de super-heróis, piratas e dragões, batalhas e espadas, músculos e mais músculos! Uma verdadeira tortura! Ao fim de quase 15 anos a acompanhá-los por esse tipo de "cenas", a minha mente foi, inocente e inevitavelmente, moldada e há de facto duas coisas que eu finalmente aprendi a apreciar numa série: uma boa batalha e uns lindos músculos! Coisas que no "Games of Thrones" abundam! Mas, e já agora, realço que esta série estou a ver sozinha, pois considero que há cabeças demais a serem cortadas, para com 13 e 15 anos assistirem...

 

Acabei ontem o último episódio da 2ª temporada e acordei hoje a pensar na Cercei Lannister… Criatura implacável, fria e calculista tem, no entanto, nos seus três filhos o seu ponto fraco. Não ames ninguém, pois amar fragiliza-te! Ama só os teus filhos!” aconselhava ela num dos episódios anteriores... Aceita as loucuras e crueldade do filho mais velho, atual rei, continuando a amá-lo e a defendê-lo contra tudo e contra todos!

 

Ao lado dela, a minha personagem preferida: Tyrion Lannister, o irmão anão, sempre repudiado e humilhado, dos belos Cersei e Jamie Lannister! É doloroso observar não só o quanto é desprezado e não valorizado apesar da inteligência e capacidade de estratégia que tem, como é repugnante a forma como o culpam constantemente pela morte da mãe que faleceu ao lhe dar à luz... Como pode uma criança ser culpada de algo de forma tão absurda?

 

É apenas uma série, eu sei, mas fiquei a pensar nas mães... Não, nem todas as mães amam incondicionalmente os seus filhos... Não, nem todas as mães merecem o amor incondicional dos seus filhos... Talvez uma gravidez não planeada possa levar a uma eterna frustração e afastamento... Talvez elevadas expectativas e exigências que a criança não consiga cumprir possam levar a desilusão e falta de amor pelo próprio filho... Sei que isso existe, mas não consigo sequer imaginar mais razões para pois, felizmente, tive a sorte de não ser assim: adoro os meus meninos mais do que tudo.

 

Consciente de que não sou nem nunca serei uma mãe perfeita tento, no entanto, dar o meu melhor e apoiá-los incondicionalmente: elogiar os pontos mais fortes e aceitar os pontos mais fracos. Ensino-os acima de tudo a perceber que ninguém é perfeito e que não têm de o ser para ser amados! Não faço comparações: nem entre eles, nem com outras crianças... Tento ensiná-los a aceitarem e a valorizarem o que de bom e o que de menos bom têm... 

 

Mas paralelamente, tal como a Cercei Lannister também eu sou, ou fui, demasiado tolerante... Há uns dias atrás, estava eu na sala de espera do dentista e ao meu lado uma criança, que não devia ter mais de 4 ou 5 anos, brincava com os pés no sofá... A mãe repreendia-o, discretamente e sem qualquer convicção, e ele continuava! Farto de estar sentado, a dada altura levantou-se e começou a passear "rapidamente" pela sala de espera! Feliz e contente, soltava gargalhadas e entoava vocábulos num tom que na "Escala dos sons" poderia talvez ser considerado demasiado elevado... A mãe, tranquila, continuava a repreender sem convicção e segura de que ele jamais iria obedecer!

 

Era querido, muito querido o miúdo! A importunar provavelmente todos os que estavam ao meu lado, a mim fez-me sorrir: "Tal e qual como os meus! Adoro putos reguilas!" pensei. Depois, observando os rostos ao meu redor e quase envergonhada, questionei-me: "Será que na altura também me lançavam olhares assassinos e eu nem me apercebia tão encantada estava sempre com os meus dois reguilas?!" Eu não seria, penso eu, capaz de compactuar com loucuras como as do Joffrey Lannister caso algum dia algum dos meus meninos se lembrasse de as fazer! Mas quantos disparates de crianças, que provavelmente importunavam as pessoas à minha volta, eu terei tolerado só por ser uma mãe deslumbrada e babada? Eu que sempre fui demasiado permissiva... 

 

E veio-me à memória a moral de uma história que o meu pai contava: "Quem feio ama, bonito lhe parece!" No meu caso era mais: "Quem reguilas ama, bem comportados lhe parecem!" Adaptei-me aos meus filhos? Sim! Admiro crianças reguilas e mexidas e torço o nariz àquelas demasiado paradas... Serei nisso uma Cersei Lanniston? Talvez... É tão difícil educar!

 

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