Rescaldo de S. Valentim...
Cristina Ferreira
"Hoje quero apenas dizer-te que gosto de ti...
Gosto de ti porque gosto... Gosto de ti porque contigo eu posso ser eu... Gosto de ti porque contigo eu não tenho obrigação de fingir... Gosto de ti porque contigo eu não tenho razão para me esconder ou disfarçar...
Gosto de ti porque trazes à tona o que há de melhor em mim... Gosto de ti porque me dás força, porque me dás garra, porque me apoias e estás para mim... Gosto de ti porque estás aqui e ali e acolá e onde quer que eu de ti precisar!
Gosto de ti porque posso falar-te do meu dia ou simplesmente, ao teu lado, em silêncio ficar... Gosto de ti porque me fazes sentir simplesmente incomparável e incomparavelmente especial... Gosto de ti porque me fazes sentir que eu sou parte de ti e tu és parte de mim... Gosto de ti porque eu sei que eu nada seria sem ti...
Gosto de ti... simplesmente porque gosto de ti... "
Ontem foi Dia de S. Valentim, mas estas linhas não foram um discurso entusiasticamente proclamado por um príncipe encantado que chegou no seu cavalo branco... O amor dos contos de fadas não é assim...
Estas linhas raramente são as confissões carinhosas de um marido a quem por ventura se dedicam os melhores anos... O amor e o companheirismo são coisas raras e difíceis de naturalmente alcançar...
Estas linhas poderiam ter sido proferidas pelos lábios de um namorado galante... Mas ramos de rosas vermelhas ou pulseiras prateadas "atulhadas de pérolas inundadas de significado" oferecidas em deslumbrantes jantares de gala são normalmente acompanhadas de palavras fúteis e carentes de significado...
Há palavras que quando são verdadeiramente sentidas não carecem de ser exprimidas... Há gestos que dizem mais do que mil palavras... Há palavras que se leem num olhar... Há palavras que se ouvem sem sequer serem murmuradas... Há palavras que se conseguem ouvir sem escutar...
"Gosto de ti... Mas não preciso de o dizer... Tu sabes, tu sentes, tu consegues lê-lo no meu olhar..."
Photo by Jeremy Bishop on Unsplash