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Daily Routine by Cristina Ferreira

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Daily Routine by Cristina Ferreira

08
Fev18

O "Game of Thrones" visto pela mamã....


Cristina Ferreira

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Eu sei que já chego tarde à série, mas não tive a oportunidade de a ver antes... A aproveitar a repetição no TVCine Séries, estou tão fascinada que não posso deixar de escrever sobre ela! 

 

Há duas personagens no "Game of Thrones" que me fascinam... Não, não vou falar do Jon Snow, nem da sua carinha fofinha! Não, não vou falar do charmoso Jaime Lannister, nem dos músculos do fabuloso Khal Drogo! Bom, também reparei neles obviamente! Afinal uma das "enormes desvantagens" de ser mãe de dois meninos é ser "forçada" desde muito cedo a ver filmes de super-heróis, piratas e dragões, batalhas e espadas, músculos e mais músculos! Uma verdadeira tortura! Ao fim de quase 15 anos a acompanhá-los por esse tipo de "cenas", a minha mente foi, inocente e inevitavelmente, moldada e há de facto duas coisas que eu finalmente aprendi a apreciar numa série: uma boa batalha e uns lindos músculos! Coisas que no "Games of Thrones" abundam! Mas, e já agora, realço que esta série estou a ver sozinha, pois considero que há cabeças demais a serem cortadas, para com 13 e 15 anos assistirem...

 

Acabei ontem o último episódio da 2ª temporada e acordei hoje a pensar na Cercei Lannister… Criatura implacável, fria e calculista tem, no entanto, nos seus três filhos o seu ponto fraco. Não ames ninguém, pois amar fragiliza-te! Ama só os teus filhos!” aconselhava ela num dos episódios anteriores... Aceita as loucuras e crueldade do filho mais velho, atual rei, continuando a amá-lo e a defendê-lo contra tudo e contra todos!

 

Ao lado dela, a minha personagem preferida: Tyrion Lannister, o irmão anão, sempre repudiado e humilhado, dos belos Cersei e Jamie Lannister! É doloroso observar não só o quanto é desprezado e não valorizado apesar da inteligência e capacidade de estratégia que tem, como é repugnante a forma como o culpam constantemente pela morte da mãe que faleceu ao lhe dar à luz... Como pode uma criança ser culpada de algo de forma tão absurda?

 

É apenas uma série, eu sei, mas fiquei a pensar nas mães... Não, nem todas as mães amam incondicionalmente os seus filhos... Não, nem todas as mães merecem o amor incondicional dos seus filhos... Talvez uma gravidez não planeada possa levar a uma eterna frustração e afastamento... Talvez elevadas expectativas e exigências que a criança não consiga cumprir possam levar a desilusão e falta de amor pelo próprio filho... Sei que isso existe, mas não consigo sequer imaginar mais razões para pois, felizmente, tive a sorte de não ser assim: adoro os meus meninos mais do que tudo.

 

Consciente de que não sou nem nunca serei uma mãe perfeita tento, no entanto, dar o meu melhor e apoiá-los incondicionalmente: elogiar os pontos mais fortes e aceitar os pontos mais fracos. Ensino-os acima de tudo a perceber que ninguém é perfeito e que não têm de o ser para ser amados! Não faço comparações: nem entre eles, nem com outras crianças... Tento ensiná-los a aceitarem e a valorizarem o que de bom e o que de menos bom têm... 

 

Mas paralelamente, tal como a Cercei Lannister também eu sou, ou fui, demasiado tolerante... Há uns dias atrás, estava eu na sala de espera do dentista e ao meu lado uma criança, que não devia ter mais de 4 ou 5 anos, brincava com os pés no sofá... A mãe repreendia-o, discretamente e sem qualquer convicção, e ele continuava! Farto de estar sentado, a dada altura levantou-se e começou a passear "rapidamente" pela sala de espera! Feliz e contente, soltava gargalhadas e entoava vocábulos num tom que na "Escala dos sons" poderia talvez ser considerado demasiado elevado... A mãe, tranquila, continuava a repreender sem convicção e segura de que ele jamais iria obedecer!

 

Era querido, muito querido o miúdo! A importunar provavelmente todos os que estavam ao meu lado, a mim fez-me sorrir: "Tal e qual como os meus! Adoro putos reguilas!" pensei. Depois, observando os rostos ao meu redor e quase envergonhada, questionei-me: "Será que na altura também me lançavam olhares assassinos e eu nem me apercebia tão encantada estava sempre com os meus dois reguilas?!" Eu não seria, penso eu, capaz de compactuar com loucuras como as do Joffrey Lannister caso algum dia algum dos meus meninos se lembrasse de as fazer! Mas quantos disparates de crianças, que provavelmente importunavam as pessoas à minha volta, eu terei tolerado só por ser uma mãe deslumbrada e babada? Eu que sempre fui demasiado permissiva... 

 

E veio-me à memória a moral de uma história que o meu pai contava: "Quem feio ama, bonito lhe parece!" No meu caso era mais: "Quem reguilas ama, bem comportados lhe parecem!" Adaptei-me aos meus filhos? Sim! Admiro crianças reguilas e mexidas e torço o nariz àquelas demasiado paradas... Serei nisso uma Cersei Lanniston? Talvez... É tão difícil educar!

 

30
Jan18

Determinismo ou livre arbítrio?


Cristina Ferreira

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Aluno do 10º ano, o meu menino grande está fascinado com algumas teorias de filosofia. Ontem, ao rever a matéria, quis partilhar comigo alguns dos pontos mais interessantes sobre as teorias de Livre-arbítrio e Determinismo.

 

Chamou-me ao quarto e eu sentei-me na beira da cama. Leu para mim com a sua voz grave e o seu ar seguro de menino que sabe que já não é menino mas de homenzinho que sabe que ainda não é um homem grande... Quando ele era pequenino, era eu que diariamente lia para ele histórias de adormecer e respondia às suas perguntas, ele já deitado e eu sentada na beira da cama... Ontem invertemos os papeis: eu continuava sentada na beira da cama, mas foi ele quem leu para mim e pacientemente respondeu às minhas dúvidas.

 

Confesso que não consegui perceber tudo o que ele tentou, repetidamente, explicar-me pois distraía-me constantemente a observá-lo... "Está grande, está lindo, está bonito o meu menino!" Eu perdida nos meus devaneios, ele continuava: "determinismo... tudo está pré-determinado... ilusão de liberdade de escolha... " "livre-arbítrio... somos nós que escolhemos, que tomamos as nossas decisões..."

 

Lembrei-me do camião que mudou a minha vida... Sim, a maior viragem da minha vida foi fruto do acaso e sim por causa de, atribuí eu, um camião! Há muitos anos atrás, no início da minha carreira profissional, eu regressava de uns dias de férias passados em Coimbra com uma amiga de infância. Viajava pelo IP3, uma estrada de montanha  repleta de zonas onde era impossível ultrapassar! À minha frente, lenta, muito lentamente arrastava-se um camião...

 

Tinha combinado, antes de regressar a casa, passar também por Viseu. Mas, como estava demasiado cansada, entretanto cancelara. De repente ali, desesperada e sem poder ultrapassar com segurança o pesado camião, ao aproximar-me do cruzamento que, ou me levaria direta para casa ou me levaria para Viseu, impulsivamente pensei: "Basta! Se o camião virar para a Guarda, eu sigo para Viseu!" O camião virou para a Guarda e eu segui para Viseu!

 

Foi nesse dia e em Viseu que eu soube da oferta para a empresa na qual a seguir fui trabalhar. Um ano mais tarde foi aí que conheci aquele que viria a ser o meu marido e o pai dos meus filhos! Foi amor à primeira vista, foi uma daquelas paixões intensas e que ofuscam todos os sentidos! Jovens, casámos completamente apaixonados. Tivemos dois filhos... Mas de origens demasiado diferentes, não soubemos juntos construir... Ao fim de 10 anos, desistimos... 

 

Quantas escolhas o acaso faz por nós sem nos apercebermos? Destino? Determinismo? Quantas mais teorias existem para o explicar? Não sei e sou "pequena" demais para o saber... Mas sei que se nesse dia eu não tivesse ido para Viseu, não teria tido conhecimento daquela vaga, não teria trabalhado naquela empresa, não teria conhecido o meu futuro marido e, acima de tudo, não teria hoje os meus filhos!

 

Teria outros filhos? Não conheceria estes e destes não teria saudades? Verdade... Nunca poderemos saber como teria sido a nossa vida se tivéssemos escolhido outros caminhos...

 

No meu caso, e apesar de muita coisa não ter corrido como eu planeei, ainda bem que eu decidi ir por ali... Mas, e quem sabe, talvez já estivesse apenas e afinal tudo simplesmente determinado...

 

 

27
Jan18

Sou uma mãe babada!!!


Cristina Ferreira

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Verdade: sou uma mãe babada! Sempre fui... Costumam dizer-me que tenho muita sorte com os meus filhos e é verdade: tenho!

 

Educar não é tarefa fácil e, como talvez a maioria das mães, também eu sinto que cometi muitos erros. No entanto, quando tenho diálogos como o que há pouco tive com o meu menino grande, ele vira costas e eu sorrio orgulhosamente pensando sem qualquer ponta de humildade: "Esta forma de pensar, de planear, de decidir... Fui EU que lhe ensinei!"

 

Não sou uma mãe galinha! Costumo dizer que não estou sempre em cima deles, mas estou um metro atrás sempre atenta e prontinha para os apanhar se houver algum risco de caírem!" Estou atrás, estou ao lado... Acompanho, observo, vigio, analiso... Tudo sempre sem impedir que eles aprendam sozinhos o que devem aprender sozinhos, sem impedir que se testem, sem impedir que cresçam...

 

Quando eram pequeninos, contrariamente aos conselhos que pessoas ao meu redor me davam, nunca os deixei chorar sozinhos! Adormeci-os muitas e muitas vezes ao colo! Agoiravam que eu estava a criar filhos mimados e caprichosos! Mentira! Objetivamente: mentira! Eu criei filhos que sabem que aconteça o que acontecer podem sempre contar comigo...

 

Quando eram pequeninos e colocavam mil e uma questões, sobre tudo e sobre nada, a todas eu respondia... Nunca deixei uma única questão por responder! Nunca respondi com um "Sim, sim!" ou um "Não, não!" sem ouvir com atenção... Sempre que tinham uma dúvida, uma questão, eu tentava responder e repetia até eles perceberem e não restar qualquer hesitação... E eles aprenderam a confiar em mim!

 

Por vezes, no final de um dia de trabalho, era difícil... Mas eu tentava explicar: "Desculpa... Podes esperar só um bocadinho que a mamã está cansada..." Aprenderam que mamã não era incansável e que a mamã às vezes precisava de silêncio... Aprenderam que depois de descansar voltava e lhes dava toda a atenção... Eles aprenderam a respeitar!

 

Nunca dei ordens sem explicar porquê. Nunca usei o "Porque sim!" ou o "Porque eu é que mando!" Explicava porque é que era o mais correto, o mais saudável, o melhor para eles... Se me desafiaram? Claro que sim! Se eu poderia ter sido mais rigorosa? Talvez... Se teria sido melhor para eles? Não sei...

 

Ensinei-lhes o porquê de existirem regras e rotinas pois só assim as podem cumprir de livre vontade. Ensinei-os a pensarem por eles, a ter opinião própria e espírito crítico, a saber observar, avaliar e decidir... Nas tomadas decisão, claro que a última palavra é minha, mas desde sempre debati os mais variados temas com eles...

 

Às vezes é difícil perceber onde está a fronteira, perceber onde está o limite entre o correcto, o excesso e o errado. Sim é difícil educar e impossível não falhar... 

 

Não! Os meus filhos não são dois anjinhos perfeitos! Pelo contrário: com dois anos de diferença de idade entre eles, sempre foram dois reguilas! Mas são os meus reguilas! E eu sou uma mãe babada! Não sei o que o futuro me reserva, mas neste momento sinto que os estou a colocar no bom caminho...

11
Jan18

Ter um filho é um ato de egoísmo...


Cristina Ferreira

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Passei há uns tempos por um blog de uma mulher que se questionava sobre ter ou não ter filhos. Após leitura de alguns dos seus posts percebi que a decisão no casal já estava tomada. Ela ainda tinha algumas dúvidas pois os textos do blog transmitiam como que um pedido de socorro, uma urgente necessidade de aprovação de que a decisão tomada era a mais correta... Apesar de talvez, no fundo do seu coração, ela própria saber que queria mais...

 

Com o marido haviam decidido que não deviam ter filhos por causa da instabilidade e incerteza que hoje em dia no mundo se vive, pois esta leva inevitavelmente à crença de que qualquer nova criança que nasça virá certamente a sofrer...

 

O telefone tocou, eu fechei a janela do blog e não a segui, nem tive tempo para comentar... Quando mais tarde voltei aos blogs já não a consegui encontrar.

 

Identifiquei-me com algumas das suas palavras. Desde que me lembro de mim que sonho ser mãe e ter uma grande família. Cresci com um irmão rapaz e sentia falta de mais companhia. Desde tenra idade que o meu sonho de familia ideal eram 4 filhos! Por diversas razões, fiquei pelos dois, mas como costumo dizer, tenho dois que valem por quatro!

 

Por volta dos meus 20 anos senti, no entanto, aquela mesma preocupação... Todos nós temos momentos em que nos sentimos infelizes, perdidos, desorientados... Senti nessa altura que ter um filho poderia ser um ato de egoísmo... Criar um novo ser apenas para nosso deleite pessoal, sem termos a possibilidade de lhe garantir que será para sempre feliz é egoísmo...

 

Casei aos 25 anos e aos 27 já não consegui continuar a fugir ao chamamento do meu relógio biológico... Tomámos a decisão, fiz os exames necessários, primeira tentativa e no mês seguinte estava grávida! A gravidez correu bem, o meu bebé nasceu perfeito e de um parto sem qualquer complicações. Dois anos depois nova gravidez, mais uma vez sem problemas e mais um bebé saudável!

 

Se me continuei a questionar? Para mim, os meus filhos foram e são a melhor coisa que me aconteceu... Para eles? Sim, até hoje são felizes... Se o vão ser para sempre? Não sei...

 

Mas sei que a responsabilidade da decisão foi minha... Quando um dia os vir sofrer, quiça por causa da instabilidade, por amor, por doença ou por dúvidas existênciais, sim vou certamente sempre lembrar-me que a decisão de os ter foi minha! Fui eu que egoisticamente decidi ter 2 filhos... Sim ter um filho é um verdadeiro ato de egoísmo...

 

10
Jan18

The Gaming Disorder...


Cristina Ferreira

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Imagem www.independent.co.uk

  

"Semanalmente, milhares de mesas são vítimas de agressão por parte de jogadores descontrolados! E nenhum tipo de mesa lhes escapa: secretárias, mesas de centro de sala, mesas de jantar, mesas de cozinha e até mesas de cabeceira! Basta para isso estarem à mão, ou ao pé, de receber quando a frustração de perder o jogo chegar!"

 

Este parágrafo não foi obviamente transcrito de nenhum jornal famoso nem escrito por nenhum psiquiatra mundialmente reconhecido! Foi apenas a piada que o meu descendente mais jovem inventou para acalmar a minha preocupação quando há pouco falámos sobre a recém chegada GAMING DISORDER... Mas vamos por partes....

 

Quem sou eu para falar de GAMING? Sou apenas uma mãe e, como provavelmente grande parte das mães da minha faixa etária, não compreendo nada de jogos "modernos"! Aliás as minhas humildes experiências com jogos "modernos" limitam-se ao clássico TETRIS, à loucura pelo Farmville que mais tarde substitui pelo Hay Day e às horas perdidas a jogar Candy Crush... Conheci, alimentei e até joguei alguns jogos do pequeno POU... E no verão passado joguei o Palavra Guru!

 

Tudo joguinhos saudáveis: eram jogos "lentos" e sem pressão, sem qualquer competição e a interação on-line, quando existia, acabava por ser de cooperação. Tudo saudável, certo? Atire a primeira pedra quem nunca jogou!

 

Mas há os outros jogos: os que eu não conheço, os que mesmo que eu conhecesse seria incapaz de jogar... O GAMING é para mim um mundo à parte! E não falo só dos jogos mas de tudo o que gira à volta do mundo GAMING: desde a linguagem específica altamente estruturada que nem me atrevo a utilizar (apesar de muitas expressões já me terem sido explicadas dezenas e dezenas de vezes), à enormíssima panóplia de acessórios disponíveis nas lojas de tecnologia.

 

O GAMING é certamente um negócio altamente lucrativo! A primeira vez que numa Media Market me aproximei da secção GAMING, veio-me à cabeça a expressão Killer d'adolescents! À disposição das carteiras mais recheadas encontram-se em exposição vários artigos de estética agressiva e colorida: sofisticados computadores GAMING, assustadores ratos GAMING, luminosos teclados GAMING, potentes head phones GAMING, e, entre outros, as minhas prediletas: as fabulosas cadeiras GAMING! Cadeiras cujo design altamente robusto e agressivo parecem saídas de um filme de ficção cientifica e são certamente acessório de topo para completar a decoração de qualquer quarto de adolescente! Tudo idealizado ao pormenor para criar um universo onde ficar presos, com muito glamour e estilo, o dia inteiro!

 

Se antigamente a preocupação dos pais eram os filhos adolescentes que queriam sair de casa e tranquilos ficavam os pais cujos filhos em casa ficavam, nos dias de hoje um adolescente em casa é muitas vezes sinónimo de adolescente agarrado ao computador, ao tablet ou ao telemóvel! GAMING...

 

2018 começou com o reconhecimento pela World Health Organisation da GAMING DISORDER: transtorno mental causado pelo vício em vídeo-jogos. Fiz uma pesquisa para perceber mais um pouco... E, por exemplo, neste artigo Gaming addiction classified as disorder by WHO a BBC ainda realça: "According to an Oxford University study, boys are more likely to spend time gaming than girls."  

 

Sendo mãe de dois rapazes adolescentes que sempre deixei jogar, confesso que fiquei preocupada... Deixei jogar não só porque parecia inofensivo mas, e reconheço, porque assim eles estavam ocupados e eu tinha tempo para fazer as minhas coisas...Mea culpa... 

 

Nós, mães e pais do século XXI, estávamos preparados para alertar para aquilo que achávamos ser os perigos na nossa adolescência: álcool, tabaco, drogas, cuidados a ter ao iniciar a vida sexual. Não existiam as redes sociais, mas é puro bom senso saber alertar sobre perfis falsos... Agora a GAMING DISORDER? Dá que pensar... 

 

 

03
Jan18

Hoje? Regresso e euforia matinal!


Cristina Ferreira

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Hoje o dia começou com uma louca euforia matinal devido ao, por mim tão esperado, regresso à rotina! Sim: EUFORIA matinal!! Sim: tão ESPERADO regresso à rotina!! Finalmente acabaram as férias escolares e os meus meninos voltaram!

 

Fui buscá-los ontem ao aeroporto. Aprendi a detestar aeroportos, se é que isso se pode aprender, se é que se pode detestar aeroportos! Aquela multidão eufórica a partir ou a chegar e eu ali, algures pelo meio, sozinha... A sentir-me triste e abandonada quando os vou levar... Ansiosa e com receio quando os vou buscar...

 

Às vezes pergunto-me se as mães não divorciadas, aquelas "felizardas" que têm a sorte de ter os filhos com elas o ano inteiro, se questionam tanto como uma mãe divorciada... Apesar de eu saber que o risco é mínimo, aliás na verdade e no nosso caso, totalmente nulo, pergunto-me sempre, quando estão fora e antes de regressarem, se não me irão desta vez pedir para mudar permanentemente para casa do pai...

 

Quando chego ao aeroporto, fico ali parada, qual barata tonta, junto à Saída das CHEGADASbalançando o meu olhar entre o placard e multidão que vai chegando...

 

Landed... O avião dos meus meninos aterrou às 13h33... Quase 10 minutos de atraso... Examino os rostos que vão saindo procurando as suas feições familiares... O meu coração de mãe acelera... E se desta vez me olharem fria e inexpressivamente? E se for desta vez?... Verdade que eu falei com eles todos os dias... Mas foram sempre tão curtas conversas e em tão breves minutos pois estavam sempre tão ocupados!  E se desta vez não trouxerem carinho nem afeição no olhar? 

 

Não, isso nunca aconteceu e obviamente ontem também não! Recebi os sorrisos carinhosos e os abraços calorosos de sempre! Na viagem de volta, narraram aventuras das férias e ao chegar a casa voltaram para a rotina habitual como se nada tivesse acontecido... Como se não tivessem partido... Como se não tivessem voltado...

 

De onde vem o meu medo afinal? Da consciência de que tudo tem um fim?... Das histórias que ouço sobre divergências entre pais divorciados que afinal em nada se assemelham com o nosso caso? Ou simplesmente do sentimento de que quando vão para tem não só o Natal e o Réveillon, mas a vida que eu sempre sonhei para eles... mas sem mim...

 

23
Dez17

O espírito de Natal conseguiu finalmente apanhar-me!


Cristina Ferreira

 

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Ora bolas! Decido eu vir correr à beira mar para fugir do Espírito de Natal e não é que é precisamente aqui que o maroto me consegue finalmente alcançar! 

 

Tenho por hábito alongar perto de um bar.  Quando há pouco parei, estava a tocar uma daquelas minhas eternamente preferidas músicas de Natal...

 

"Mariah Carey - All I want for Christmas is you",  lembrança de uma adolescência romântica, agora transformada em hino à maternidade!

 

Ao alongar ao som familiar das ondas decorado pelo das músicas de Natal que continuou a chegar-me do bar, dei comigo finalmente a sorrir ao pensar no Natal... recordando momentos especiais dos meus Natais passados...

 

Sim tenho saudades dos meus meninos e sem eles não é Natal, mas saber que os tenho, tive e sempre terei... Isso sim é, foi e será sempre o meu maior presente de Natal...

 

A todos um FELIZ NATAL!!

 

 

19
Dez17

A mamã também sente raiva!!!


Cristina Ferreira

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 Inside Out - 2015 Disney Pixar - Anger Exploding

 

 

Nunca consegui compreender o que pretendem exatamente dizer as pessoas que, ao saber que os meus filhos foram de férias com o pai, me abordam e com toda a convicção me lançam frases do tipo: "Oh os teus filhos foram para o pai! Que sorte! Vais ter mais tempo para ti!" Estou separada há quase 8 anos e há quase 8 anos que repetidamente ouço este tipo de expressões de consolo, a meu ver, totalmente inapropriadas! 

 

Sorte? Como pode ser sorte entrar numa casa vazia?! Como pode ser sorte as birras serem substituídas por silêncio absoluto! Como pode ser sorte não ter beijinho de bom dia, nem beijinho de boa noite?! Como pode ser sorte não ter ninguém para me chatear porque quer ver mais um vídeo no Youtube em vez de se ir deitar?! Como pode ser sorte não ter de chamar 10 vezes para ir jantar??? E por aí adiante... Chega de divagar! Julgo que estes breves exemplos são suficientes para uma exposição obvia e detalhada do meu não conceito de sorte!

 

Sob pena de ser massacrada, vou ousar expor a minha opinião sobre a maternidade: a maternidade é o compromisso de uma mãe para a vida! Não é o filho que vêm bater à porta da mãe e perguntar: "Olá! Eu sou um filho! Queres ser a minha mãe?!" Exceção obviamente para gravidez não planeada, normalmente é a mãe que sentindo o "apelo do seu relógio biológico" decide conceber o filho...

 

Há quem adote um animal de estimação, se canse e o abandone! É cruel, é desumano! Há quem queira muito ter filhos, se sinta cansada e vá passando a responsabilidade... Nada me irrita mais, e sim estou mesmo a escrever IRRITA, do que mães acabadas de o ser que já se queixam de não ter tempo para elas procurando delegar para os pais, avós ou afins... a responsabilidade de tomar conta do bebé!

 

Ser mãe é cansativo? Claro que é! Eles exigem tudo e nós damos mais que tudo! Mas para poder dar, é preciso que eles queiram receber... São eles que decidem até quando querem receber... Quando se aproxima de mansinho o Monstro da Adolescência vem acompanhado pelos seus amigos do peito Egoísmo e Egocentrismo! Aí os filhos começam a afastar-se... Surgem as dúvidas e o medo de que talvez o que demos não seja nunca mais com carinho relembrado.

 

Calma, eu sei que não me devo queixar! Eu sei que o afastamento na adolescência é saudável e imperativo para a construção da autonomia necessária e indispensável à vida adulta! Mas caramba... às vezes apetece-me travar o tempo! Sim! Outra vez eu e o tempo!

 

Além de que sou uma mãe divorciada! Existe por acaso alguma mãe divorciada que não saiba o que é sentir a raiva, e sim estou mesmo a escrever RAIVA, a raiva que se sente quando se tem os filhos em tempo de aulas, com as rotinas e as responsabilidades... e quando vêm as férias vão para o pai! Os papás fixes das férias versus as mamãs chatas da rotina e da responsabilidade! 

 

Sim claro que fico feliz pela fantástica relação que têm com o papá... Mas caramba, às vezes fico a pensar e a ruminar sobre o que irão eles recordar quando forem grandes? Os anos em que carinhosamente limpei lágrimas e com eles ao colo passei, pacientemente, noites e noites em claro, os anos das perguntas e respostas constantes e das histórias de encantar, os anos das brincadeiras e dos jogos simples (antes desta malfadada fase de videojogos que eu, mesmo que quisessem a minha presença, seria incapaz de entender quanto mais de jogar!) esses anos, esses momentos mágicos da infância, já se apagaram da mente deles... E quando crescerem vão ficar as fantásticas lembranças das férias divertidas com o pai e eu vou ser lembrada como a mãe chata... E sim isso hoje deixa-me com raiva!

  

Raiva! Inveja! Todas as emoções negativas que se podem imaginar! Sim, afinal sou só humana... E sim, custa-me vê-los crescer e deixarem-me ficar cada vez mais para trás... E pior, mais me custa perceber que eu sou a velha chata e o papá é o papá cool das férias divertidas e inesquecíveis!

 

Claro dir-me-ão as mães mais sábias e tranquilas (grupo ao qual eu até, por norma, costumo pertencer) que eu também cresci, que eu também saí de casa, que eu também me afastei dos meus pais na adolescência! E dirá quem me conhece e conhece os meus filhos e sabe da fantástica relação que afinal tenho com eles: "Mas de que te queixas tu? Tens tanta sorte! Os teus filhos não te dão problemas! E blá, blá, blá!"

 

Mas hoje não quero saber de racionalizar!!! Hoje quero mesmo é soltar a RAIVA!!!!